Editorial
Responsabilidade inadiável

Entre 2020 e 2023, foram registrados no Brasil 7.539 eventos relacionados a chuvas intensas, um crescimento de 222,8% em relação à década de 1990. Enxurradas, inundações, temporais e deslizamentos de terra se tornaram parte da realidade cotidiana de muitas cidades brasileiras, consequência direta das mudanças climáticas que o País e o mundo estão enfrentando.
Estudos recentes, como o do Programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), apontam que a intensidade e a frequência desses fenômenos só tendem a aumentar. As projeções do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) indicam que, até 2100, o Brasil enfrentará um quadro de chuvas ainda mais desreguladas, com o aumento de até 30% nas regiões Sul e Sudeste e uma drástica diminuição de até 40% no Norte e no Nordeste.
Diante desse cenário, é inegável a necessidade urgente de adaptação. Os governos, em todos os níveis, devem se preparar para conviver com essas mudanças. A construção de infraestrutura resiliente, a implementação de políticas públicas que contemplem a gestão de riscos e a prevenção de desastres são passos essenciais nesse processo. Não é mais uma questão de escolha, mas uma responsabilidade inadiável.