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Nº 5905
Opinião

Uma desomenagem

Não é de hoje a prática nociva de se trocar nomes de logradouros, subvertendo assim a memória urbana, mas nos últimos anos este desrespeito à história tem se acentuado, além da conta, em Alagoas, especialmente vitimando Maceió. Há muitas décadas sumiu d

Por | Edição do dia 26/11/2008 - Matéria atualizada em 26/11/2008 às 00h00

Não é de hoje a prática nociva de se trocar nomes de logradouros, subvertendo assim a memória urbana, mas nos últimos anos este desrespeito à história tem se acentuado, além da conta, em Alagoas, especialmente vitimando Maceió. Há muitas décadas sumiu da toponímia alagoana a Praça Euclides Malta, retratada à larga até os anos 30 como referência de logradouro belo e arborizado; sumiram-lhe também com os caramanchões bem construídos donde pendiam cachoeiras de folhagens verdes. E alguém sabe onde está localizada a Praça Góis Monteiro? Já procuraram tapar com uma peneira o luminoso nome de Rua do Sol, mas essa denominação recusou-se a desaparecer das letras das músicas e da literatura. E a Rua da Praia traga, sem cessar, os indevidos nomes “oficiais” que, repetidamente, tentam lhe impingir. Na onda da desmemória, a mais nova vítima anunciada é o Estádio Rei Pelé, assim batizado em meio à euforia da comemoração da conquista do tricampeonato mundial nos idos de 1970, quando, pela voz do então governador do Estado, Lamenha Filho, transmitida ao vivo pela Rádio Gazeta, foi anunciada a mudança da denominação da obra que seria inaugurada dali a alguns meses. Alguém se lembra do nome cambiado pela voz embargada do governador emocionado? A grande praça de esportes, desde sempre conhecida como “Trapichão”, chamar-se-ia Estádio Governador Lamenha Filho. Toda essa história de explosão de alegria, de renúncia pessoal e até de injustiça (muitos queriam Zagalo no alto da placa), será aviltada, jogada no lixo, porque o Estado de Alagoas não tem nada de novo com que possa homenagear a genial Marta. Num gesto oportunista, dar-se-á a ela o presente de outrem; até que, daqui a algum tempo, novas lagartas resolvam roer, novamente, a história e substituir “Rainha Marta”, por alguma outra majestade.

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