Parada para corre��o de rumos
É indispensável uma parada para correção dos rumos da assistência médica brasileira. Repetir isso é óbvio, mas é necessário insistir. Uma notícia que veio à tona, na semana passada, a partir do relatório sobre a situação da população mundial, 2008, incomo
Por | Edição do dia 26/11/2008 - Matéria atualizada em 26/11/2008 às 00h00
É indispensável uma parada para correção dos rumos da assistência médica brasileira. Repetir isso é óbvio, mas é necessário insistir. Uma notícia que veio à tona, na semana passada, a partir do relatório sobre a situação da população mundial, 2008, incomodou profundamente os brasileiros e, especialmente, os que lidam diretamente com a área de saúde. Este ano, o Brasil deverá ser o terceiro País da América do Sul em mortalidade infantil, atrás apenas da Bolívia e do Paraguai. Os dados apontam que, de cada mil crianças vivas, 23 morrem antes de completarem um ano. A mortalidade infantil é um dos indicadores fundamentais para se avaliar a qualidade de vida. O Brasil já avançou nesse campo, e uma prova disso são os números anteriores: em 1990, chegavam a 47 crianças por mil, números que concorriam com os pouco desenvolvidos países africanos. Mas, não restam dúvidas, ainda temos muito que fazer nessa área. Os governantes devem estar atentos a cada falha em suas políticas de redução da mortalidade em crianças até um ano de idade, assim como em outras faixas etárias. Ainda é fato, infelizmente, que, no Brasil, crianças pobres têm mais do dobro de chances de morrer do que crianças de famílias de boa situação econômica, que têm melhores condições de alimentação, prevenção e tratamento. São realidades brutais reveladoras das desigualdades sociais existentes. A situação do Nordeste, que apresentou a maior queda nas mortes de zero a cinco anos, nos últimos anos, ainda tem quase o dobro da média nacional em crianças de até um ano. Desde 2000, a ONU, ao analisar os maiores problemas mundiais, estabeleceu oito objetivos do milênio, também conhecidos como os Oito jeitos de mudar o mundo. A quinta meta dessa proposta é justamente a redução da mortalidade infantil, seguida da melhoria da qualidade de vida da gestante, fato que está intimamente ligado com a mortalidade de crianças de até um ano. Na América do Sul, a menor taxa de mortalidade infantil foi registrada no Chile, que apresenta uma média de sete mortes para cada grupo de mil crianças nascidas vivas. Os melhores índices ficam, novamente, com Japão, Noruega e Suécia, com três mortes para cada grupo de mil. O panorama sócio-sanitário brasileiro é preocupante, revelador de que não está sendo cumprido, adequada e suficientemente, o conjunto de funções essenciais de promoção e de proteção da saúde. (*) É médico e ex-secretário de Educação e de Saúde.