Editorial
A voz dos emergentes

A XVII Cúpula do Brics, encerrada ontem no Rio de Janeiro, marcou um momento histórico para a governança global. O bloco reafirmou seu papel como voz coletiva das economias emergentes, propondo alternativas concretas a um sistema internacional ainda dominado por assimetrias.
A declaração final destaca avanços significativos e enfatiza a urgência de reformar instituições multilaterais, como a ONU e o FMI, para refletir o peso dos países em desenvolvimento.
No campo econômico, o Brics fortaleceu sua agenda de autonomia financeira, com iniciativas para reduzir a dependência do dólar. A crítica ao “protecionismo verde” e a proposta de um sistema tributário global mais justo revelam a disposição de combater desigualdades estruturais.
A cúpula também abordou crises humanitárias e conflitos em andamento. Na pauta climática, o bloco endossou a COP30 no Brasil e o Fundo Florestas Tropicais, mas a contradição entre discurso sustentável e a dependência de combustíveis fósseis de alguns membros ficou evidente.
Por fim, a governança da inteligência artificial e a criação de uma parceria para doenças negligenciadas mostraram a ambição do Brics em moldar agendas globais. A cúpula deixou claro: o Sul Global não aceita mais ser coadjuvante. Resta agora transformar declarações em ações.