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Nº 5901
Opinião

Bangue-bangue

Ah, tempos bons aqueles em que nos cinemas da minha época – Capitólio, Ideal, Lux, Rex, os maravilhosos musicais com Fred Astaire e Ginger Rogers, Gene Kelly e o clássico “Cantando na Chuva” e tantos outros, eram filmes que traziam para nós adolescentes e

Por | Edição do dia 27/11/2008 - Matéria atualizada em 27/11/2008 às 00h00

Ah, tempos bons aqueles em que nos cinemas da minha época – Capitólio, Ideal, Lux, Rex, os maravilhosos musicais com Fred Astaire e Ginger Rogers, Gene Kelly e o clássico “Cantando na Chuva” e tantos outros, eram filmes que traziam para nós adolescentes e jovens de então, momentos felizes de um mundo ainda cor-de-rosa, namoradinhos ao lado, emocionados com o que víamos na tela grande. Foram momentos que marcaram a história de vida dos que hoje são chamados “envelhecentes”. E os filmes de faroeste, com os famosos caubóis John Wayne, Randolph Scott, Tim Maccoy – me ajude aí, Elinaldo Barros! –, que, muitas décadas depois, já na era do videocassete, acostumei-me a locar para a diversão do Carlos Moliterno, pois eram as películas de que mais gostava, ao lado dos épicos e dos filmes de James Bond, o agente secreto 007. Os tempos passam, mudam os homens e os costumes e o que passou não volta mais. Mas o que digo? Se hoje o bangue-bangue veio fazer parte das nossas vidas e até criancinhas de colo são baleadas, quando não estupradas e jogadas no lixo? Parece até que os piores bandidos do cinema de minha época não chegam aos pés dos de hoje, em matéria de covardia e crueldade, e que a realidade vivida hoje consegue ser pior que o mais assustador filme de terror de então. E eu até me pergunto, muitas vezes, se eu não estaria vivendo um pesadelo, quando folheio as páginas do jornal e me deparo com as manchetes mais absurdas e inacreditáveis. Castigo de Deus? É no que a maioria parece acreditar, dentro do princípio da causa e do efeito. Certamente somos os únicos responsáveis pelos desequilíbrios que se observam no planeta, pelas injustiças sociais, pelas verdadeiras tragédias que vêm atingindo tantos e tantos lares, principalmente – mas não apenas – aqueles mais pobres e desvalidos. E agora que nossa linda capital é dada como a mais violenta de todo o País, superando até o Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, eu me pergunto se alguém duvida de que muito da responsabilidade por isso tudo deve ser atribuída a nós, como sociedade que fracassou totalmente ao não oferecer a mínima esperança para os que nada possuem. Mas sobretudo, culpa desses políticos desalmados e irresponsáveis que, eleição após eleição, eternizam-se na arte de explorar, roubar e até matar na busca por mais poder. De quantos caubóis – ou Antonios Sapucaias –, iremos precisar ainda para acabar definitivamente com esses desmandos? (*) É escritora.

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