As iniq�idades abissais
São muitas e variadas as desigualdades que no Brasil formaram o conceito de sermos uma iníqua Belíndia (a minoria da população viveria nas condições primeiro-mundistas da Bélgica e a maioria na iniqüidade de terceiro mundo da Índia atrasada); uma destas d
Por | Edição do dia 29/11/2008 - Matéria atualizada em 29/11/2008 às 00h00
São muitas e variadas as desigualdades que no Brasil formaram o conceito de sermos uma iníqua Belíndia (a minoria da população viveria nas condições primeiro-mundistas da Bélgica e a maioria na iniqüidade de terceiro mundo da Índia atrasada); uma destas desigualdades, fundamental nas perspectivas de vida da população, pode ser agora minorada e isto depende primordialmente do Congresso Nacional. Quando disse o poeta que o final de vida nos aguarda com um kit onde se incluem hospital, dores em várias partes do corpo, solidão e INSS, concluiu que este final não foi bem bolado. Se este final tem sido inevitável para uma grande maioria de brasileiros, este saárico inferno pode agora receber uma gota de água fresca. É o caso da grande maioria dos brasileiros que trabalham a vida inteira na iniciativa privada e/ou autônomos e quando se aposentam depois de pelo menos 35 anos de dureza, trabalhando sem feriadões e sem greves, com muitas cobranças, compromissos e permanente instabilidade na longa jornada de trabalho , vão receber uma aposentadoria miserável. Esta é uma das maiores e mais torpes desigualdades da vida nacional: a abissal diferença entre as aposentadorias dos funcionários públicos (1/4 dos aposentados, mas que levam 3/4 dos recursos do INSS ), que se aposentam com integralidade dos proventos e os aposentados da iniciativa privada e/ou autônomos (3/4 dos aposentados do INSS, mas que recebem apenas 1/4 dos recursos destinados aos aposentados). Pode-se afirmar, que os servidores públicos, que já tiveram em vida o inestimável bem da estabilidade e se aposentam com a integralidade de seus proventos, são os belgas e os trabalhadores da iniciativa privada e/ou autônomos são os indianos discriminados. A possibilidade de reduzir este abismo pode se tornar real. Tramita no Congresso Nacional, já com aprovação no Senado um projeto de lei de autoria do senador Paulo Paim, que reduz as maléficas distorções do infame Fator Previdenciário, mecanismo pelo qual as aposentadorias dos trabalhadores da iniciativa privada e autônomos são vergonhosas iniqüidade ímpar no País. Da bancada alagoana, o senador Renam Calheiros já se manifestou favorável a este projeto saneador. Os eleitores alagoanos precisam ficar atentos a como vão se posicionar os demais parlamentares. Afinal, se durante toda a vida o foi, o fim da vida não precisa ser tão desigual e iníquo no Brasil. (*) É médico e professor da Uncisal.