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quarta-feira, 16/07/2025 | Ano | Nº 6010
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Contemplação

O Louvre Abu Dabi e a casa Jorge de Lima

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Ao atravessar o grande saguão do Louvre Abu Dhabi, onde luz e sombra dançam em calmaria sobre as águas do Golfo Pérsico, me deparei com atmosfera de contemplação e mistério, vez que entre as inúmeras exposições que narram a história da humanidade uma em especial convida à reflexão mais profunda: Máscaras da Eternidade.

Diariamente, ao adentrar as salas solenes da Academia Alagoana de Letras, onde cada cadeira tem número, com passado e legado, e quando novo membro é empossado não herda apenas um assento, torna-se parte de uma linhagem de pensamento, termos que varam eras. Sinto que ali reside a imortalidade literária, pois os autores partem, mas suas obras e ideias permanecem vivas, debatidas, relidas, reinterpretadas por gerações.

Imaginei um comparativo entre “eternidade e imortalidade”, que à primeira vista parecem sinônimos, mas percorrem caminhos distintos no campo da poesia.

No Louvre Abu Dhabi, épocas assumem diferentes tons, pois as peças expostas, esculturas, pinturas, artefatos não contam apenas uma história: elas são a história. Não envelhecem como os homens; transcendem as vidas que as criaram.

Na Casa Jorge de Lima, estruturas não se erguem em mármore ou colunas, mas de alma e papel, paredes são invisíveis, mas inabaláveis, salões ecoam falas de ontem, cada vez mais vivas hoje, onde o silêncio é música e cada pausa guarda a sabedoria de mil discursos.

No Louvre Abu Dabi, rostos moldados em pedra, metal, argila e ouro, vindos de diferentes civilizações e épocas, estão todos unidos por um mesmo anseio ancestral: a vitória sobre a morte, perpetuam a existência do ser humano.

Na Casa Jorge de Lima, cabelos brancos não pesam o tempo, mas iluminam a jovialidade de ideias, cada ruga carrega versos, cada olhar reluz histórias entre letras, não existem velhos pois estes alimentam saudade, mas sim idosos que cultivam projetos, cada um dos quarenta lugares, mais que assento, é verdadeiro altar de memorias, guardiãs de uma língua que jamais fenece, renovada a cada texto resgatado ou reinventado.

Assim, nas academias de letras, celebra-se a perpetuidade da palavra e do pensamento, que se renova sempre que um texto é lido, uma ideia é debatida. E nos museus, vive-se a eternidade da matéria, onde o vestígio do humano se transforma em símbolo universal.

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