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Nº 5905
Opinião

Sombra globalizada

Já se disse, equivocadamente, que “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Equivocadamente, muitos supõem que “o ruim para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, e assim embarcada em frases fáceis (e falsas) boa parte da opinião pública

Por | Edição do dia 03/12/2008 - Matéria atualizada em 03/12/2008 às 00h00

Já se disse, equivocadamente, que “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Equivocadamente, muitos supõem que “o ruim para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, e assim embarcada em frases fáceis (e falsas) boa parte da opinião pública brasileira “passa batida” na avaliação da conjuntura americana. E, em, conseqüência, se equivoca nos prognósticos sobre os efeitos, em nosso País, dos tremores ao Norte. Apesar de também ser repetida à exaustão a frase (atribuída à filosofia oriental) de que “crise é sinônimo de oportunidade”, seus propagandistas esquecem de dizer que as crises prejudicam dramaticamente a maioria da população e apenas uma minoria consegue aproveitar as sonhadas oportunidades. Considerando tudo isso, é hora de se prestar ainda mais atenção com o que está ocorrendo na América do Norte. Quando uma das mais respeitadas entidades de estudo da economia americana (NBER, sigla em inglês para Escritório Nacional de Pesquisa Econômica) anuncia oficialmente que os Estados Unidos estão em recessão há um ano – os analistas econômicos e as autoridades brasileiras devem ler e reler os dados dessa pesquisa. E a partir daí, fazer as chamadas “projeções de cenários”. Todo cuidado é pouco, pois é óbvio que o anúncio chama a atenção pelo que pode vir pela frente e não pela análise do passado recente. Se a bolha estourou por conta do mercado de hipotecas ou por conta das desastradas intervenções americanas no Oriente Médio, isso não é o mais importante agora. O essencial é entender que a superpotência ao Norte terá de passar sua conta para alguém pagar. E isso diz respeito ao resto do mundo, e, especialmente ao Brasil. Transformar o tsunami em marola é a questão. Missão impossível? Talvez – mas impossível mesmo é ignorar a necessidade de novos planos para enfrentar uma nova realidade econômica global.

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