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Marcos Bernardes de Mello: 90 anos

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Seu nome dês ali se impunha, aurático. “Eu criei uma fama de advogado sério, grande e rico; quando, na verdade, salvo procurar ser sério, eu não era nem sou nada disso. Se bem, Marcos, que só me procuravam pra desatar nó do Ceará”. (Risos).

Decênio dos noventa. Conquanto menino, já mui curioso acompanhava as contendas político-administrativas paternas na alagoana Viçosa. Estava, o meu velho, provedor da histórica santa casa. A alta representação do causídico daquela filantrópica entidade lamentavelmente não refrearia os desmandos locais, a se acumpliciarem coas forças eletivas (estadual e federal). Valores altruístas do cristianismo cederiam lugar ao lodo, à mataria, às heras.

Julho de 2006. Ao vencer um prêmio científico-literário de promoção nacional em homenagem ao grandíssimo Pontes de Miranda (1892-1979), nossa inspiração comum, integraria o mestre a comissão julgadora, junto de Ivan Barros (1942-) e do saudoso presidente classista Marcello Lavenère Machado (1938-2025). A honrar aquele quase estreante intelectual, então aos vinte e três etários, prefaciaria, ele, o trabalho resultante “Ao piar das corujas: uma compreensão do pensamento de Pontes de Miranda” (hoje em duas edições).

Tornar-nos-íamos, ademais, colegas de Ihgal (2007) e Academia Alagoana de Letras (2013). Apenas em 2019, todavia, revelei a si o anseio por biografá-lo. O agravamento sanitário no globo obrigou ambos, contudo, a optar pela gravação remota de extensas entrevistas.

Ao lado da cessão temporária de originais do acervo pessoal, gentil, também o protagonista ofertaria pra minha bibliofilia (inclusive com dedicatórias e lombadas bibliotécnicas) todos os seus livros. Tais edições príncipes compreendem um arco temporal de 1964 ao presente (desde “Aspectos do despacho saneador” até a trilogia “best-seller”, em TGD, “Teoria do fato jurídico”).

Alguns exemplares revelam-se únicos, porque, aqui, acolá, encontramos, neles, vestígios sem dúvida assaz relevantes ao pesquisador minudente: grifos, apontamentos, tiras e fichas.

Outra fonte significativa: o questionário (ferramenta inventiva via adaptação de clássicos moldes franco-germânicos e brasileiros).

Decerto, traduz uma dignificação (dentre tantos outros autores possíveis) sermos o ensaísta a lhe fixar as trajetória e herança mental através da obra “Marcos Bernardes de Mello: mestre de fato e do Direito” (pra breve lançamento). E se redobra a alegria: afinal, este projeto fortaleceu o respeito, a admiração e a amizade entre dois xarás.

Tal livro expositivo-analítico (dos capítulos ao rico álbum) confirma ser Marcos Bernardes de Mello (19 jul. 1935-) – ora noventão, Oxalá Deus o benza –, senhor duma visão larga na complexa e dinamicíssima ciência do mundo formal-sócio-humanista.

O personagem (vezes por função; outras, gosto) transpassou as tênues fronteiras do direito civil, porquanto, noutro tempo alto funcionário do Estado das Alagoas e ainda doutrinador irrequieto, domina (máxime) os campos constitucional, trabalhista, processual civil e administrativo.

Sob duplo senso de justeza (o do reconhecimento – mais da precisão), distinguem-no a ética científica, a obsessão pelo didatismo, o encantamento mercê da docência, o contador de causos, a vivência na operacionalidade e o sucesso editorial.

Eis, assim, um pensador plural-singular, em atividade há nada menos, vejam só: sete decênios.

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