Bandeira grotesca
Anteontem o plenário da Casa Tavares Bastos reverberou frases raivosas e vazias, num esbanjamento de pura agressividade contra a mídia, numa tentativa de repassar a outrem as próprias sandices do parlamento alagoano. Motivou o destempero dirigido contra
Por | Edição do dia 04/12/2008 - Matéria atualizada em 04/12/2008 às 00h00
Anteontem o plenário da Casa Tavares Bastos reverberou frases raivosas e vazias, num esbanjamento de pura agressividade contra a mídia, numa tentativa de repassar a outrem as próprias sandices do parlamento alagoano. Motivou o destempero dirigido contra veículos de mídia e contra jornalistas, vários agredidos nominalmente, as repercussões (negativas, naturalmente) da infeliz idéia de destronar Pelé do alto da marquise do Trapichão. Intempestiva, emocional, essa reação ao óbvio ridículo da proposta aprovada pelo plenário, exemplifica o despreparo de alguns parlamentares alagoanos frente às próprias condições mínimas para o desempenho do mandato legislativo, onde é mister a exposição dos autores das propostas submetidas ao plenário à crítica da opinião pública e publicada. E como a proposta foi aprovada pela casa, a casa não tem como fugir ao ônus de ouvir (e ler) opiniões sobre o decidido. E quando o decidido é risível, ridículo, grotesco mesmo, não há como se livrar de uma enxurrada de críticas e há de se entender que dentre esses comentários, torna-se inevitável o uso da ironia e do bom humor, até porque não há como negar o intrínseco caráter humorístico da proposta de cassação da homenagem ao maior jogador do mundo em função de supostas mágoas indiscutivelmente provincianas (do tipo ele nunca ligou para mim, nunca me deu nada em troca...). Tolice feita, o melhor é não mexer nela. Afinal, o veto do governador é a chance para encerrar o assunto sem maiores prejuízos. A opção de esticar a corda, nesta quadra de enormes desgastes, e concentrar esforços da casa na luta contra Pelé, como a bandeira da vez, é um erro gigantesco. De toda forma, cada qual escolhe seu caminho. O melhor seria o Legislativo alagoano optar por outro rumo, distinto do destaque nos compêndios do folclore político.