Cota para alagoanos
Por estranha ironia, no mesmo dia em que o Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, aprovou a reserva de 50% das vagas nas universidades públicas brasileiras para estudantes egressos de escolas públicas, saiu o resultado do Enem. Avaliando os dados
Por | Edição do dia 04/12/2008 - Matéria atualizada em 04/12/2008 às 00h00
Por estranha ironia, no mesmo dia em que o Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, aprovou a reserva de 50% das vagas nas universidades públicas brasileiras para estudantes egressos de escolas públicas, saiu o resultado do Enem. Avaliando os dados publicados constata-se, não sem grande constrangimento, que as escolas públicas de Alagoas apresentaram a menor nota entre todos os estados brasileiros. Ou seja, estamos produzindo, nestes estabelecimentos oficiais, os cidadãos mais desinformados do país. A nota de 31,76, nos 100 pontos possíveis, mostra nossa fragilidade na formação dos jovens alagoanos, e a distância que nos separa da média brasileira (37,27) além de demonstrar que este é mais um problema regional, já que a média nordestina é 32,92. Quando avaliamos a performance das escolas particulares, também não encontramos diferenças muito significativas. Se nossos alunos nestes estabelecimentos conseguem chegar a 45,98, as médias nordestina e brasileira sobem para 50,92 e 56,12, respectivamente. Ficamos na frente apenas de Roraima, Maranhão e Amapá, por diferenças muito pequenas. Para o grupo de estudantes egressos das escolas públicas, mal formados como constatado, o nosso Congresso pretende reservar 50% das vagas nas universidades! Imaginam nossos deputados que, abrindo-lhes as portas da Academia, o conhecimento que lhes falta será transferido através de alguma mágica. Pobres universidades públicas! Serão, em futuro muito próximo, culpadas pela produção pífia de profissionais, pela alta taxa de desistência muitos destes estudantes simplesmente não conseguirão acompanhar os estudos superiores e pela baixa qualidade de seus egressos. Os defensores da política de cotas justificam suas propostas pela necessidade de equalizar a concorrência entre os que tiveram a oportunidade de obter uma adequada formação e os outros. Muito bem, considerando o fato desta semana na Câmara, imagino que esta tese esteja adquirindo adeptos e que passe a ser hegemônica no Parlamento. Se assim for, tenho uma proposta que nasceu da avaliação das duas notícias: vamos implementar uma cota para estudantes alagoanos em todas as universidades públicas brasileiras. Afinal, nossos jovens não estão tendo a mesma oportunidade de receber um ensino da qualidade que é oferecido aos colegas do sul do país. A lógica é a mesma! Portanto: todos pelas cotas! (*) É engenheiro da Casal.