Abrigo e esperan�a
Ingressei no Judiciário com o ideal de fazer Justiça a todos aqueles que dela precisam. Nascida no Sertão e criada no Agreste de Alagoas, regiões onde as pessoas se dividem entre uma minoria de remediados e uma maioria de deserdados, preocupa-me, desde q
Por | Edição do dia 11/12/2008 - Matéria atualizada em 11/12/2008 às 00h00
Ingressei no Judiciário com o ideal de fazer Justiça a todos aqueles que dela precisam. Nascida no Sertão e criada no Agreste de Alagoas, regiões onde as pessoas se dividem entre uma minoria de remediados e uma maioria de deserdados, preocupa-me, desde que me entendo de gente, a imperiosa necessidade de alargar as oportunidades dos que precisam de abrigo e a esperança dos que se sentem abandonados. Alagoas é um dos Estados brasileiros em que as pessoas menos recorrem à Justiça, e mesmo quando o fazem têm que encarar a lentidão do andamento de suas ações, motivada pelos mais distintos motivos, entre os quais o número insuficiente de juízes, serventuários e defensores públicos. Faz-se necessário, portanto, dentro da realidade das finanças públicas, aumentar o número desses prestadores de serviço público essencial, tão importantes para o atendimento das reivindicações da coletividade Logo que ingressei no Judiciário, busquei na sabedoria de alguns, mais experientes, aconselhar-me sobre como me desempenhar das graves responsabilidades que assumia. E de todos ouvi o que já ditavam meu coração e minha alma: com coragem, coerência, determinação e equilíbrio é possível, nos atos e gestos do cotidiano, desempenhar-se das tarefas do dia-a-dia, seguindo pela estrada da vida de cabeça erguida e consciência tranqüila. A variada gama de questões, a complexidade das leis, colocam, freqüentemente, o magistrado, em situações de dúvida, até de angústia. Quando isso aconteceu no meu caminho, jamais hesitei em julgar sem levar em conta a influência, o poder e o prestígio das partes envolvidas. E assim continuará a ser. Foi por esse caminho que cheguei à presidência do Tribunal de Justiça de Alagoas, com a responsabilidade de ser a primeira mulher a ocupar tão honroso posto. A participação da mulher em todos os setores da vida tem se revelado uma contribuição positiva para o aperfeiçoamento dos costumes. Não há missão que exija mais esforço e sensibilidade do que gerir um lar. A mulher trouxe para a vida pública a serenidade cultivada no lar através do tempo. Nesta etapa tão importante da minha vida, inspiro-me no exemplo dos meus pais e dos meus demais familiares, entre os quais senti sempre o calor humano com que forjei a minha têmpera. Este é o alicerce em que construí a minha vida. (*) É desembargadora e presidenta eleita do Tribunal de Justiça de Alagoas.