Um caso cl�nico da engenharia
Especializações, termos e procedimentos se assemelham na medicina e na engenharia, cabendo ao clínico geral, médico, a inspeção do paciente, o requerimento de exames complementares de laboratórios ou de RX, ultra-som, ressonância, citológicos e outros, co
Por | Edição do dia 13/12/2008 - Matéria atualizada em 13/12/2008 às 00h00
Especializações, termos e procedimentos se assemelham na medicina e na engenharia, cabendo ao clínico geral, médico, a inspeção do paciente, o requerimento de exames complementares de laboratórios ou de RX, ultra-som, ressonância, citológicos e outros, com vista ao diagnóstico da patologia do paciente a ser tratada, terapêutica, muitas vezes com remédios, ou intervenções cirúrgicas. Cabe ao engenheiro clínico geral, especialidade a qual hoje me dedico, proceder à inspeção da edificação com patologias, apresentar o diagnóstico de casos simples, indicar a terapêutica de cura ou, nos casos mais complexos, requerer exames em laboratórios específicos para indicar a cirurgia de reforço da estrutura, chamada esqueleto. As semelhanças continuam, pois são usados instrumentos de RX, ultra-som e outros comuns às duas áreas que lidam com vidas humanas, a primeira para salvá-las curando-lhes os males, a segunda para protegê-las evitando que a ruína da edificação ceife vidas. O Foro de Maceió é um caso clínico analisado em 2000 por uma junta de engenheiros que emitiram o diagnóstico de patologias visíveis, e de outras que o olho não consegue detectar, mas a revisão do cálculo estrutural e outros exames possibilitaram o diagnóstico. Apresentava, na época, um quadro clínico com lesões nas fachadas, em ambientes internos, descolamentos de cerâmicas externas e de pisos, rachaduras em alvenarias decorrentes da fragilidade do esqueleto cuja tendência era a evolução de danos. Havia falhas no sistema circulatório de energia, de pára-raios, de prevenção contra incêndio e pânico, e poucas áreas de escape em caso de sinistro. A junta de engenheiros requereu ensaios, uma espécie de RX ósseo com vista ao diagnóstico de possíveis fraturas. Após 8 anos sob o desprezo de intervenções e providências indicadas, o prédio tremeu por razões ainda intrigantes. Executadas as intervenções propostas, o paciente, brevemente, estará em plena forma. O médico sepulta seu erro, o engenheiro por ele é sepultado. Há diferenças. O doente busca o melhor médico para curar seus males; o cliente procura o engenheiro mais barato. Um exemplo é o Pregão. O médico atende em consultórios sob pagamento antecipado. O engenheiro visita a obra, gasta transporte e tempo e raros aceitam pagar a consulta. Enquanto as pirâmides estão firmes há mais de cinco mil anos, as edificações de hoje tremem, e temem o uso de um simples rolo compactador! (*) É engenheiro e consultor.