O milagre do poeta
Amanhã será o dia da inauguração da Casa de Jorge de Lima um grande dia para a cultura em Alagoas, quiçá uma data a espelhar um belo exemplo para todos. Depois de muitos anos relegada ao abandono, a casa construída por Jorge de Lima para ser sua resid
Por | Edição do dia 14/12/2008 - Matéria atualizada em 14/12/2008 às 00h00
Amanhã será o dia da inauguração da Casa de Jorge de Lima um grande dia para a cultura em Alagoas, quiçá uma data a espelhar um belo exemplo para todos. Depois de muitos anos relegada ao abandono, a casa construída por Jorge de Lima para ser sua residência, será devolvida aos alagoanos devidamente recuperada e reformulada, e resguardada em seus traços arquitetônicos originais. A inauguração desta segunda-feira também registra um outro momento histórico: será a entrega ao público da derradeira obra, dentre inúmeras realizações importantes para o Estado, idealizada pelo doutor Ib Gatto Falcão. Sobre Ib Gatto Falcão, seu ideário e suas realizações, outros editoriais, certamente, lhe farão justiça. Estas linhas discorrerão sobre essa sua mais recente obra, objeto que concentrou durante anos seus esforços de octogenário incansável: a casa de Jorge de Lima, centro cultural anexo à Academia Alagoana de Letras. Longa e árdua caminhada, em defesa do patrimônio cultural e arquitetônico de um titã (Jorge de Lima) vencida por outro titã (Ib Gatto Falcão). O imóvel amanhã entregue ao público alagoano, assim como seu primeiro proprietário, faz parte da história das artes em Alagoas; foi até cenário do longa-metragem Casamento é Negócio?, de Guilherme Rogatto, em 1930. Eventos artísticos incontáveis, como saraus e recitais, passaram por lá... depois da mudança do poeta para o Rio de Janeiro, como se lhe tivessem levado alma, o casarão foi sendo abandonado, virou ruína, até quando a prefeita Kátia Born o adquiriu e doou-o à Academia Alagoana de Letras; Cícero Almeida, ao substituí-la, teve a grandeza de manter e ampliar o projeto, que também arrebanhou o apoio do governo do Estado (Ronaldo Lessa e Teotonio Vilela Filho) Está aí um belo e (raro) exemplo de continuidade cidadã. Jorge de Lima, além de poemas, parece fazer milagres.