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Nº 5901
Opinião

Cidade sorriso

Dois bandos de primatas – separados apenas pela presa já abatida – se estranham. Via de regra, em tais circunstâncias, os animais precisam se atracar uns contra os outros para que o grupo vencedor possua a presa. É a lei. Um primata empunha um osso da pre

Por | Edição do dia 16/12/2008 - Matéria atualizada em 16/12/2008 às 00h00

Dois bandos de primatas – separados apenas pela presa já abatida – se estranham. Via de regra, em tais circunstâncias, os animais precisam se atracar uns contra os outros para que o grupo vencedor possua a presa. É a lei. Um primata empunha um osso da presa, outro se arma duma pedra. Num repente, um deles mostra seus dentes, e o rival, com igual simpatia, exibe os dele. Daqui a pouco os bandos arregalam os lábios de jeito amistoso a compartilhar a caça. Surgiu assim o sorriso. O ato de sorrir é o sinal primeiro do consenso. Não fosse ele, a espécie homo teria se esboroado em combates. Acaso se restassem sobreviventes, resumiríamos à seriedade, a choro e ódio. Seríamos semi-humanos. Guarde bem: sorrir nos humaniza. Esse era o nexo com que se entendia o título de Maceió, Cidade Sorriso: cidade tranqüila, de empatia, de generosidade como centro do convívio de seus habitantes. Agora, não é mais. Porém é possível resgatar algo daquela cidade sorridente. Um município é reflexo de seus governantes... E de seus moradores. Mas como sorrir em tempos tristes? Um bom começo é enxergar com seriedade esse ato, pois rir é, essencialmente, pacificar. Anote isto: ao rirmos estamos dando margem à paz. Assim, podemos apaziguar os conflitos, as tensões e dores nossas ou alheias, sorrindo ou internalizando o sorrir. Foi por isso que Martin Luther King discursou: “Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios; e Clarice Lispector escreveu: “Ainda que haja noite no coração, vale a pena sorrir para que haja estrelas na escuridão”. Como sorrir se não for de meu feitio? Bem, foi dito que sorrir nos humaniza e apazigua. Logo, por silogismo, entende-se que qualquer postura por nós assumida em benefício do próximo e que promova paz é um sorriso. Então se para alguns não foi dado exibir os dentes, em compensação a todos foi dada a capacidade de fazer o bem. Anote isto também: não contribuir com o mal é dar o seu melhor sorriso para o mundo. “A todos os que sofrem e estão sóis, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração”– disse Madre Teresa de Calcutá. Em relação a sorrir, não temos muita dificuldade. O brasileiro é, por natureza e por clima, risonho. É por isso que o País estando ou não em crise estaremos rindo à toa. O desafio de caráter genuinamente maceioense é o resgate da nossa simpatia e de nosso humanismo. (*) É estudante de Letras da Ufal.

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