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Nº 5905
Opinião

Palmeiras, institui��o maceioense

No próximo dia vinte, um grupo, alentado e animado, se reunirá às margens da Lagoa Mundaú. São pessoas que já vivem a terceira idade. Ao contrário do que possa parecer, não me refiro a um desses SPA geriátricos, em que homens e mulheres idosos são postos

Por | Edição do dia 17/12/2008 - Matéria atualizada em 17/12/2008 às 00h00

No próximo dia vinte, um grupo, alentado e animado, se reunirá às margens da Lagoa Mundaú. São pessoas que já vivem a terceira idade. Ao contrário do que possa parecer, não me refiro a um desses SPA geriátricos, em que homens e mulheres idosos são postos a dançar e pular, como se fossem crianças. Em verdade, o motivo do encontro é uma comemoração. Como fazem todos os anos, esses idosos celebram o aniversário de uma entidade que lhes alegrou a adolescência e amizades que se renovam: o Palmeiras Futebol Clube. A festa rememorará insólita história, que tentarei resumir: Ano 1948, dia oito de dezembro, bairro do Farol, esquina das ruas Comendador Palmeira e Saldanha da Gama. Um grupo de pivetes disputa um “racha”, na pracinha em frente à casa do Deputado Ruy Palmeira (pai do Guilherme). Descalços, os jogadores tentam fazer com que uma bola de meia passe entre os dois gravetos que funcionam como gol. Terminada a partida, a turma se reúne na calçada da casa de seu Baby (o escritor Félix Lima Júnior). Cáu, filho do dono da casa, serve água gelada (coisa rara, na época). A conversa desenvolve-se em torno do próximo jogo entre CRB e CSA. De repente, saltam de um caminhão algumas pessoas portando fitas métricas. Imediatamente, começam a tomar medidas e fixar marcos na terra. Curiosos, os garotos se aproximam e fazem descoberta trágica: a pracinha iria desaparecer; em seu lugar seria implantada grande caixa d’água, integrante da nova rede de abastecimento a ser implantada em Maceió. O campinho em que realizavam os rachas diários iria desaparecer. Alguém lembra que, para conseguir um campo, seria necessário pedir ao diretor do seminário. O diretor, entretanto, só emprestava o campo a grupos organizados. Em meio ao desânimo, Cáu surge com a idéia: “Vamos fundar um clube”. Todos aderiram. Após uma rifa, destinada a comprar camisas e bolas, criou-se o Palmeiras – mesmo nome do patrono da rua. O Palmeiras construiu história gloriosa que culminou na conquista do campeonato alagoano de futebol juvenil, em 1958. Para ganhar, o Palmeiras teve de usar o nome e a camisa do Ferroviário Esporte Clube, dificuldade criada pela Federação Alagoana de Futebol. No entanto, como todos os jogadores e a direção do time pertenciam ao Clube do Farol, o Palmeiras, com justiça, considera-se campeão. Sempre dirigido pelo Cáu (hoje doutor Cláudio Fernando Oiticica Lima), o Palmeiras deixou de ser juvenil e parou de disputar campeonatos. Tornou-se, entretanto, um referencial para que seus integrantes se reúnam e reciclem amizades suspensas pelos rumos da vida. Hoje as reuniões não se limitam aos palmeirenses; transformaram-se em encontros de quem foi jovem, em Maceió, nos anos cinqüenta. Graças à liderança do Cáu, o sessentão Palmeiras é uma instituição maceioense. Parabéns, Palmeiras! Muito obrigado, Cáu! (*) É ministro do STJ.

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