Editorial
Ritmo lento

Cinco anos após a aprovação do Marco Legal do Saneamento Básico, o Brasil ainda convive com números preocupantes: 34 milhões de pessoas sem acesso à água tratada e mais de 90 milhões sem coleta de esgoto. Esses indicadores revelam não apenas um atraso estrutural, mas também a dificuldade histórica de transformar o saneamento em prioridade de Estado.
Embora especialistas apontem que os resultados só podem ser medidos no médio e longo prazos, o ritmo lento das mudanças preocupa. Houve até retrocessos, como a redução no índice de atendimento de água. Mesmo a evolução no tratamento de esgoto, embora positiva, segue distante da meta de universalização estabelecida para 2033.
O Marco Legal trouxe avanços institucionais, como a abertura para maior participação privada, mas a simples formalização de contratos não garante, por si só, a execução de obras. É preciso planejamento, fiscalização e sobretudo vontade política. O saneamento não deve ser visto apenas como obra de infraestrutura, mas como política de saúde, educação e desenvolvimento social.
O Brasil não pode mais naturalizar que milhões de cidadãos vivam sem o básico. A universalização do saneamento é um desafio gigantesco, mas também uma oportunidade de transformar a realidade de milhões de famílias.