Eficiência
Governança como controle e prevenção de crises empresariais

Governança corporativa é frequentemente citada como pilar para o sucesso das empresas. Mas o que realmente a faz funcionar na prática quando o risco aumenta? Essa resposta desafia modelos de gestão engessados e exige ação antes que a crise se agrave.
Pedidos de recuperação judicial ou extrajudicial estão crescendo no Brasil. E, muitas vezes, poderiam ter sido evitados. A governança eficiente identifica sinais precoces de crise, estabelece limites de atuação e garante previsibilidade nas decisões.
O fato é que a crise começa silenciosa e muitos empresários ignoram os primeiros sinais, confundindo com oscilações comuns do mercado e minimizando os alertas por otimismo ou por apego a modelos antigos.
Um dos erros mais comuns são as estruturas societárias desorganizadas ou desatualizadas. A organização da estrutura busca justamente a segurança, garantindo que a atividade empresarial seja autônoma e que não haja confusão entre o patrimônio da pessoa física do sócio e o da pessoa jurídica. Quando essa confusão acontece, além de expor o patrimônio pessoal a riscos, a empresa e os sócios podem se ver com responsabilidades ilimitadas pelas dívidas do negócio.
O primeiro passo para proteger a empresa é definir regras claras, limitando autonomia e valores que os administradores podem gerir. Além disso, sócios devem ter espaço formal para debates com decisões registradas, garantindo transparência e reconhecimento de riscos. Essa clareza e controle possibilita soluções alternativas para quaisquer dificuldades.
Em setores voláteis, como o sucroenergético, a governança estabiliza informações, profissionaliza decisões e evita excessos ou desespero.
O que falta para que a governança seja de fato incorporada pelas empresas brasileiras, é, entre vários fatores, cultura. Ainda existe uma crença de que governança é burocracia desnecessária ou um luxo reservado para as grandes companhias. O maior desafio é fazer com que os donos das empresas a enxerguem como uma aliada poderosa, e não como uma ameaça ao seu poder.
Não espere a crise gritar. Boa governança é feita antes da tempestade, dando ferramentas para enfrentar riscos com inteligência e credibilidade. Governança é gestão com consciência; quem pratica, atravessa as crises com muito mais chances de sucesso.