Editorial
Contrastes

Os dados mais recentes do IBGE sobre saneamento básico no Brasil, divulgados nesta semana, revelam um cenário de contrastes profundos. O País registra avanços graduais em indicadores como a coleta de lixo, que agora atende 86,9% dos domicílios, mas milhões de brasileiros ainda vivem à margem de serviços essenciais de coleta de resíduos e esgotamento sanitário.
A verdadeira crise está na gritante desigualdade regional e entre o urbano e o rural. Enquanto nas cidades a coleta de lixo é quase universal, no campo esse serviço chega a apenas um terço das propriedades, e mais da metade dos domicílios rurais ainda recorre à queima do lixo, uma prática arcaica, poluente e prejudicial à saúde pública e ao meio ambiente.
A situação é ainda mais crítica quando se analisa o esgotamento sanitário. Apesar de 70,4% dos domicílios estarem conectados a uma rede coletora ou fossa séptica, o progresso nessa área tem sido dolorosamente lento, com um aumento de apenas 2,3 pontos percentuais em cinco anos.
Esse não é apenas um problema de infraestrutura; é uma questão de dignidade humana, saúde pública e preservação ambiental. A falta de saneamento adequado está diretamente ligada à proliferação de doenças, à contaminação de mananciais e à degradação da qualidade de vida.