Natal: Em vez de presentes, presen�a!
Os dias que antecedem o Natal, festa cristã que comemora o nascimento de Jesus Cristo (que segundo a Bíblia, não nasceu no mês de dezembro, a data exata é desconhecida), evocam uma série de emoções que diferem em razões e proporções mediante a peculiarida
Por | Edição do dia 24/12/2008 - Matéria atualizada em 24/12/2008 às 00h00
Os dias que antecedem o Natal, festa cristã que comemora o nascimento de Jesus Cristo (que segundo a Bíblia, não nasceu no mês de dezembro, a data exata é desconhecida), evocam uma série de emoções que diferem em razões e proporções mediante a peculiaridade de cada pessoa humana. Mais do que um festival de cores, luzes, ornamentações e entrega de presentes rituais construídos ao longo dos anos e revestidos por apelos consumistas de uma sociedade capitalista o natal representa a reunião da família. Em tempos atuais, a família encontra-se fragilizada em seus vínculos de afeto. O aumento acelerado do número de divórcios no País, de adolescentes que dão à luz a seus filhos sem a participação dos genitores, as mães solteiras, as que os levam à adoção, àquelas que jamais puderam gerar o seu próprio fruto, as que perderam seus filhos para a violência, os que já não têm família, os presos que recebem o indulto natalino e não têm para onde voltar, os órfãos, os dependentes químicos, os portadores de necessidades especiais e de transtornos mentais, os que moram na rua, os doentes, aos excluídos, os idosos (abandonados) nos asilos, os que passam fome, e os que sentem fome de amor, para todos, o Natal tem uma essência muito particular. A celebração do Natal, que poderia ser feita apenas em família, vai dando espaço a festas maiores e mais imponentes. Com roupas novas, adereços, sorrisos nos lábios, e prontos para a foto, a família segue em busca de compor a sua ou participar de outras festas. Intimamente, não conseguem justificar a angústia que sente. Frei Beto, diz: Talvez seja no Natal que nossas carências fiquem mais expostas. Damos presentes sem nos dar, recebemos sem acolher, brindamos sem perdoar, abraçamos sem afeto, damos à mercadoria um valor que nem sempre reconhecemos nas pessoas. No íntimo, estamos inclinados à simplicidade da manjedoura. O que se passa nesta época? O que faz-nos tão melancólicos e frágeis? O Natal é compartilhar, não só de presentes, mas de presença. É nesse instante que sentimos na alma uma imensa falta, dos que já se foram, a necessidade de um abraço, de companhia e de afeto. O lar é o nosso ponto de partida e de chegada. Muitas pessoas neste Natal estarão ao lado de famílias emprestadas. A noção de família vai além dos laços de sangue. O importante é que, em comunhão, possamos acender as luzes do coração, para o altruísmo e a fé, na vida, no homem, no novo, entregando-se ao outro. Este é o maior presente. Natal é um dia de reflexão especial e de reencontros, e este inclui o do próprio eu. (*) É psicóloga ([email protected]).