Noites estreladas
Há um bonito trecho que bem define o Natal: Sempre que você ajuda alguém, é Natal! Sempre que nasce uma criança, é Natal! Sempre que você experimenta dar à sua vida um novo sentido, é Natal! Sempre que você olha os outros com os olhos do coração, é Natal
Por | Edição do dia 24/12/2008 - Matéria atualizada em 24/12/2008 às 00h00
Há um bonito trecho que bem define o Natal: Sempre que você ajuda alguém, é Natal! Sempre que nasce uma criança, é Natal! Sempre que você experimenta dar à sua vida um novo sentido, é Natal! Sempre que você olha os outros com os olhos do coração, é Natal!. Há cerca de 30 anos passei uma semana na cidade de Jerusalém, na Terra Santa, onde se diz que os peregrinos sentem-se mais perto de Deus. Um salmista proclamou a cidade como mãe da humanidade; o Centro do mundo cristão. De Jerusalém, peregrinei pelas cidades do interior de Israel, conhecendo os monumentos da cristandade. Num entardecer, eu e outros peregrinos, voltamos da tranqüilidade azulada do Mar da Galiléia, do Rio Jordão e da cidade de Nazaré. Alcançamos Belém, a 8 km de Jerusalém, e lá resolvemos pernoitar para repetir a visita à Igreja da Natividade, onde uma estrela de prata indica o lugar em que se encontram as relíquias do nascimento de Jesus. Depois de nossa frugal refeição, o guia nos levou para fora da cidade de Belém, para que apreciássemos o céu estrelado que resplandece na obscuridade e nos relatou uma das lendas mais correntes sobre a vinda dos Reis Magos, que tento resumir a seguir. Baltazar, Belquior e Gaspar vinham de uma caminhada de milhares de quilômetros. Descansavam durante o dia e seguiam viagem à noite, acompanhando a estrela. Num fim de tarde, discutiram com seus sábios e astrônomos, o significado daquela estrela, tão estranha, que durante toda a viagem deles era a guia, que indicava o caminho que deveriam seguir. Eles nada sabiam sobre ela. Um deles afirmou: Até cegos são guiados pela estrela. Cegos? Perguntaram os reis. Cegos, responderam, e são muitos. Os soberanos desejaram vê-los. Ao chegarem, Baltazar foi logo perguntando: O que sabem dessa estrela? Como vocês a acompanham se não a vêem? Um dos cegos falou pelos demais: Não a vemos, mas a sentimos em nossas almas. Um dos reis insistiu: Dize-lhe o nome e dará uma lição aos meus astrônomos. O cego riu, levantou os olhos enevoados para o céu e afirmou: Senhor, esse astro percorre o deserto em missão divina. O nome dessa estrela é fé, ela vai guiando-nos à presença daquele que nos há de salvar. Como resposta a essas indagações, a estrela surgiu no céu, radiosa, brilhante, luz suave, tão clara quanto o sol. A caravana dos Reis Magos seguiu caminho, acompanhando a estrela que os guiou até Belém. (*) É médico e ex-secretário de Educação e de Saúde.