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Nº 5905
Opinião

Noites estreladas

Há um bonito trecho que bem define o Natal: “Sempre que você ajuda alguém, é Natal! Sempre que nasce uma criança, é Natal! Sempre que você experimenta dar à sua vida um novo sentido, é Natal! Sempre que você olha os outros com os olhos do coração, é Natal

Por | Edição do dia 24/12/2008 - Matéria atualizada em 24/12/2008 às 00h00

Há um bonito trecho que bem define o Natal: “Sempre que você ajuda alguém, é Natal! Sempre que nasce uma criança, é Natal! Sempre que você experimenta dar à sua vida um novo sentido, é Natal! Sempre que você olha os outros com os olhos do coração, é Natal!”. Há cerca de 30 anos passei uma semana na cidade de Jerusalém, na Terra Santa, onde se diz que os peregrinos sentem-se mais perto de Deus. Um salmista proclamou a cidade como “mãe da humanidade”; “o Centro do mundo cristão”. De Jerusalém, peregrinei pelas cidades do interior de Israel, conhecendo os monumentos da cristandade. Num entardecer, eu e outros peregrinos, voltamos da tranqüilidade azulada do Mar da Galiléia, do Rio Jordão e da cidade de Nazaré. Alcançamos Belém, a 8 km de Jerusalém, e lá resolvemos pernoitar para repetir a visita à Igreja da Natividade, onde uma estrela de prata indica o lugar em que se encontram as relíquias do nascimento de Jesus. Depois de nossa frugal refeição, o guia nos levou para fora da cidade de Belém, para que apreciássemos o céu estrelado que resplandece na obscuridade e nos relatou uma das lendas mais correntes sobre a vinda dos Reis Magos, que tento resumir a seguir. Baltazar, Belquior e Gaspar vinham de uma caminhada de milhares de quilômetros. Descansavam durante o dia e seguiam viagem à noite, acompanhando a estrela. Num fim de tarde, discutiram com seus sábios e astrônomos, o significado daquela estrela, tão estranha, que durante toda a viagem deles era a guia, que indicava o caminho que deveriam seguir. Eles nada sabiam sobre ela. Um deles afirmou: “Até cegos são guiados pela estrela”. “Cegos?” Perguntaram os reis. “Cegos”, responderam, “e são muitos”. Os soberanos desejaram vê-los. Ao chegarem, Baltazar foi logo perguntando: “O que sabem dessa estrela? Como vocês a acompanham se não a vêem?” Um dos cegos falou pelos demais: “Não a vemos, mas a sentimos em nossas almas”. Um dos reis insistiu: “Dize-lhe o nome e dará uma lição aos meus astrônomos”. O cego riu, levantou os olhos enevoados para o céu e afirmou: “Senhor, esse astro percorre o deserto em missão divina. O nome dessa estrela é fé, ela vai guiando-nos à presença daquele que nos há de salvar”. Como resposta a essas indagações, a estrela surgiu no céu, radiosa, brilhante, luz suave, tão clara quanto o sol. A caravana dos Reis Magos seguiu caminho, acompanhando a estrela que os guiou até Belém. (*) É médico e ex-secretário de Educação e de Saúde.

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