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Nº 5901
Opinião

O futuro chega logo

Dirigia-me à sede da Academia Alagoana de Letras no final da tarde de terça-feira, dia 23, para prestar as últimas reverências ao dr. Ib Gatto e no trajeto ia lembrando do tempo no qual coordenei a radioterapia do HAIA, época na qual o dr. Ib era o seu di

Por | Edição do dia 27/12/2008 - Matéria atualizada em 27/12/2008 às 00h00

Dirigia-me à sede da Academia Alagoana de Letras no final da tarde de terça-feira, dia 23, para prestar as últimas reverências ao dr. Ib Gatto e no trajeto ia lembrando do tempo no qual coordenei a radioterapia do HAIA, época na qual o dr. Ib era o seu diretor médico; quando tive a oportunidade de conviver diariamente com este que marcou para sempre a história de Alagoas. Naquele tempo adentrava no HAIA logo após o almoço e sempre o procurava na sua sala para uma conversa que era muito mais um monólogo, ao qual regularmente estavam presentes outros poucos privilegiados, os colegas Roberto Jackson e Joseane Granja; vez por outra Flávio Loureiro e Pedro Bernardes. Muito jovem e sedento por saber, tive no dr. Ib o oráculo que me adentrou na história de nossa terra. Eram episódios da medicina – como a primeira cirurgia cardíaca de emergência em Alagoas, feita pelo mestre, em um subidor de coqueiros, que caiu e uma estaca que penetrou-lhe o coração – e incontáveis outras, muitas jocosas, pois possuía grande senso de humor. Era uma enciclopédia inglesa dos bons tempos. Quando o atual provedor da Santa Casa, dr. Humberto Gomes de Melo assumiu, a primeira visita que fez foi ao dr. Ib no sentido maior de demonstrar o respeito e o apreço que a tradicional instituição sempre teve para com a sua legendária figura. Tive a honrosa oportunidade de estar presente naquela ocasião. Notoriamente, o dr. Ib sempre priorizou o interesse público nas suas inúmeras ações. Todavia, o que é Alagoas hoje, não alegraria o dr. Ib, que apesar de ter sido sempre muito voltado para o serviço público, dificilmente aprovaria o que se fez. Dificilmente concordaria com a forma como foi composta a dívida de R$ 7 bilhões constituída com a União. Provavelmente discordaria que a totalidade dela fosse contraída somente para custear a folha de salários do funcionalismo público: 60 mil contemplados, deixando os outros três milhões de alagoanos totalmente desprovidos de um mínimo de investimentos que lhes propiciasse alguma oportunidade de desenvolvimento. Questionado certa vez se o futuro o preocupava, Einstein afirmou que nunca pensava no futuro, pois ele chegava bastante cedo. O futuro já esta aí batendo a porta – é 2009. Segundo o senador João Tenório, em recente palestra proferida no Conedes, Alagoas será muito comprometida pela crise mundial no próximo ano. Que os nossos governantes tenham o bom senso que possa ter faltado aos que os antecederam. Sejamos otimistas e feliz ano-novo para todos. (*) É médico e professor da Uncisal.

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