Sobre aves e armas
Paira sobre o fim do ano de 2008 o fantasma do crime político em Alagoas, espectro cujo poder aterrorizador se reafirma com o assassinato do vice-prefeito eleito do município de Satuba. Infelizmente, a outrora pacata cidade de Satuba tem garantido prese
Por | Edição do dia 30/12/2008 - Matéria atualizada em 30/12/2008 às 00h00
Paira sobre o fim do ano de 2008 o fantasma do crime político em Alagoas, espectro cujo poder aterrorizador se reafirma com o assassinato do vice-prefeito eleito do município de Satuba. Infelizmente, a outrora pacata cidade de Satuba tem garantido presença constante no noticiário policial e com crimes apavorantes, como o que vitimou o professor Paulo. E, o pior, a seqüência de crimes de mando naquela cidade constroem um sinal de igualdade entre polícia e política. Trucidado no sábado passado, o vice-prefeito eleito de Satuba nem chegou a tomar posse. Dias antes de seu assassinato, havia sido acusado de vinculação com roubo de cargas, teve sua casa revistada e nela apreendidos foram armas de fogo e pássaros silvestres (aí estão configurados dois crimes, sem dúvida). Respondia aos inquéritos em liberdade, sem passarinhos e sem arma; não mais responderá, pois, indefeso, tombou como um pássaro sob a mira do caçador livre para atirar, sem risco de reação, nem mesmo risco de perder a primeira bala. Alvo fácil, facilitado, morreu. Morte anunciada, conforme as reportagens da mídia alagoana não cansaram de alertar. Talvez, os inquéritos poderão comprovar, a vítima tivesse alguma relação com as acusações que lhe foram anteriormente feitas. Mas isso o condenaria à morte de forma tão inexorável? Enterrada mais essa vítima, uma pergunta não quer calar: Satuba seguirá sua sina de terra fértil em crime de mando político? Alagoas seguirá impotente frente ao assassinato por motivação política/eleitoral? Enterrada mais essa vítima, uma dúvida atroz martela a consciência alagoana: teriam razão os ameaçados em se armarem, ao arrepio da lei, e do Estado incapaz de lhes proteger? Sobre os pássaros, libertos, não paira dúvida, que voem felizes... até que o próximo caçador os acertem.