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Nº 5900
Opinião

As respostas t�m, atr�s de si, perguntas

A realidade, na sua necessária pluralidade, deixa-se entender, a partir de diversas dimensões. Um ano novo que surge não dá seus primeiros passos, tentando repetir o que foi no ontem do passado. Há um novo penar na caminhada que se inicia, em vista das

Por | Edição do dia 30/12/2008 - Matéria atualizada em 30/12/2008 às 00h00

A realidade, na sua necessária pluralidade, deixa-se entender, a partir de diversas dimensões. Um ano novo que surge não dá seus primeiros passos, tentando repetir o que foi no ontem do passado. Há um novo penar na caminhada que se inicia, em vista das novas circunstâncias que se sucedem. Quanto mais as disciplinas se entregam ao trabalho de acumular conhecimentos novos, tanto mais necessário se torna o esforço de criar aquela atitude de um novo aprender, na busca de articulações jamais vividas. Na sociedade atual ninguém pode ser somente isto ou somente aquilo: ninguém pode ser um grande economista, se for, exclusivamente, economista: um economista, que é só economista, torna-se prejudicial à comunidade humana. O importante é considerar-se a pessoa uma ilha num arquipélago, fazendo pontes para não tornar-se isolado. O saber superespecializado tira-nos a possibilidade de ver o global – que é mais importante. O grande segredo da arte de pensar é saber fazer-se pergunta. Onde há respostas prontas, já feitas, fixas, não há espaço para pensar. As respostas não deixam de ser afirmações que têm, atrás de si, perguntas. Descobri-las, retomá-las e prosseguir fazendo novas perguntas açula nossa capacidade de pensar. O processo educativo retrata-se no jogo do levantar perguntas, buscar respostas e, sobre elas, continuar inquirindo: como vou parturir o embrião criativo que deseja revelar-se fora de mim, para que os outros o conheçam pela leitura? Ler é imenso privilégio. Não nos foi dada a ventura de ouvir as aulas de Platão ou de Aristóteles, nem mesmo os Sermões de Agostinho, nem as “lectiones” de Tomaz de Aquino. Entretanto, na solidão do nosso quanto, podemos, hoje, encontrá-los vivos na leitura de seus escritos. É interpretando a literatura mundial que aprendemos a modificar as idéias prontas que nos conduzem aos mesmos erros de ontem. Idéias novas estão no jogo criativo das academias que nos ensinam a ser mais, na produção de obras de valor para a imortalidade. (*) É bispo emérito de Palmeira dos Índios e presidente da Academia Alagoana de Letras.

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