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Nº 5901
Opinião

A paz e a pobreza

Neste 1º de janeiro do ano-novo, o santo padre Bento XVI enviou aos bispos, aos governantes e às pessoas de boa vontade do mundo inteiro sua mensagem de paz. Este ano o tema escolhido foi “A paz e a pobreza”. O papa desenvolve profunda reflexão teológica

Por | Edição do dia 02/01/2009 - Matéria atualizada em 02/01/2009 às 00h00

Neste 1º de janeiro do ano-novo, o santo padre Bento XVI enviou aos bispos, aos governantes e às pessoas de boa vontade do mundo inteiro sua mensagem de paz. Este ano o tema escolhido foi “A paz e a pobreza”. O papa desenvolve profunda reflexão teológica sobre o fenômeno mundial da miséria e suas implicações morais. De início, rejeita o controle da natalidade e sobretudo o aborto, como meios adequados de combater a pobreza, que ele considera como causa de muitos conflitos armados, que a humanidade sofre hoje. Ao contrário, ele aponta o desarmamento e o fortalecimento da família como meios eficazes no combate à pobreza. As campanhas internacionais dirigidas a controlar a natalidade nos países pobres, afirma ele, “utilizam métodos que não respeitam a dignidade da mulher nem os direitos dos cônjuges a escolher responsavelmente o número de filhos que desejam ter e, o que é mais grave ainda, frequentemente não respeitam sequer o direito à vida. O extermínio de milhões de crianças não-nascidas em nome da luta contra a pobreza é, na realidade, continua o pontífice, a eliminação dos seres humanos mais pobres”. Assim, ele rebate uma suposta relação entre pobreza e crescimento demográfico, afirmando que existem recursos para resolver o problema da indigência, mesmo com um crescimento da população. “Desde o fim da 2ª Guerra Mundial até hoje, a população do planeta cresceu quatro bilhões de pessoas e, em boa parte, esse fenômeno acontece em países que surgiram recentemente no cenário internacional como novas potências econômicas (como a China, a Índia e o Brasil) e obtiveram rápido desenvolvimento, precisamente graças ao elevado número de seus habitantes” Bento XVI denuncia ainda a queixa dos países pobres, africanos principalmente, que sofrem chantagens por parte dos países ricos, os quais condicionam sua ajuda ao combate das doenças, sobretudo da aids, à prática de políticas contrárias à vida e que repugnam às suas culturas de famílias numerosas. “É difícil combater, ensina o pontífice, sobretudo a aids, causa (e conseqüência) de pobreza extrema, se não se enfrentam os problemas morais com os quais está relacionada a difusão do vírus. É preciso, antes de tudo, empreender campanhas que eduquem especialmente os jovens a uma sexualidade plenamente concorde com a dignidade da pessoa”. Quero concluir com a afirmação pontifícia: “Quando a família se enfraquece, os danos recaem inevitavelmente sobre as crianças. Onde não se tutela a dignidade da mulher e da mãe, os mais afetados são os filhos”. (*) É arcebispo emérito de Maceió.

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