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Nº 5905
Opinião

A maldi��o da tumba

Num rápido vasculhar da memória, ao longo dos anos, diversas categorias profissionais foram beneficiadas pela ação “espontânea” (ou nem tanto), de governadores. Claro que estão excluídas as áreas legislativa e jurídica e do Tribunal de Contas, sultanatos

Por | Edição do dia 03/01/2009 - Matéria atualizada em 03/01/2009 às 00h00

Num rápido vasculhar da memória, ao longo dos anos, diversas categorias profissionais foram beneficiadas pela ação “espontânea” (ou nem tanto), de governadores. Claro que estão excluídas as áreas legislativa e jurídica e do Tribunal de Contas, sultanatos inexpugnáveis que dispensam comentários. Um corte no governo do Ronaldo Lessa, por exemplo, evidencia uma marcante melhoria salarial dos policiais e dos professores da Escola de Ciências Médicas. Engenheiro por ofício, nesse item, o que mais notabilizou a administração Lessa foi sua inelutável preocupação em proporcionar ganhos mais dignos aos seus colegas de profissão. Aliás, Ronaldo Lessa prestigiou sua classe até onde a lei faculta, distribuindo-a em postos chaves, culminando com a escolha do engenheiro Luiz Abílio como seu vice, chapa vitoriosa, não exatamente pela figura de Abílio, um bom homem, mas fraco de votos. Divaldo Suruagy não escondia justa boa vontade com o professorado. Outra categoria que não pode se queixar é a dos fiscais estaduais, abençoada a partir do olhar de Suruagy. No seu último mandato, Divaldo, não obstante infidelidade ao calendário de pagamento, concederia aumento ao magistério. O fato é que até um certo momento, ainda nos anos 80 do findo século, os médicos (como os demais níveis funcionais) tinham uma aceitável condição salarial. Foi aí que entraram românticos sindicalistas determinados a cubanizar o País. Viúvas de Guevara e nostálgicos do Paredón, geraram um monstro ciclópico apelidado de SUS, feito sob medida para aviltar o médico e humilhar o usuário. Numa espécie de “maldição da tumba”, a classe médica transformou-se em “categoria”, cuja remuneração média beira o ridículo. Nunca mais levantaria a cabeça. No dia 30 de dezembro, após espetadas rodadas de discussões, finalmente, a Secretaria da Saúde assinou um contrato com a Cooperativa dos Neurocirurgiões. Há um ano trabalhando como bóias-frias, os neurocirurgiões tentam reverter a herança maldita dos ternos companheiros. O acordo, mesmo provisório, acende uma vela no fim do túnel. Estou convencido de que a decisão teve o dedo do vice-governador José Wanderley. O cardiologista Wanderley, embora desnudo de densidade eleitoral convencional, é um respeitado líder da classe. Ex-presidente do Conselho Regional de Medicina, tem agora a rara chance de realizar pelos seus colegas de profissão o mesmo papel que Luiz Abílio cumpriu. (*) É médico e professor da Ufal.

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