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Nº 5905
Opinião

Desprezo pela vida

Segue torturante, por mais um dia de morte e dor, a agonia da população palestina da Faixa de Gaza, que já não tem mais onde amontoar cadáveres e os hospitais superlotados pelos milhares de feridos funcionam cada vez mais precariamente, movidos com parca

Por | Edição do dia 06/01/2009 - Matéria atualizada em 06/01/2009 às 00h00

Segue torturante, por mais um dia de morte e dor, a agonia da população palestina da Faixa de Gaza, que já não tem mais onde amontoar cadáveres e os hospitais superlotados pelos milhares de feridos funcionam cada vez mais precariamente, movidos com parca eletricidade fornecida por geradores domésticos à beira da falência. E, mais uma vez, o mundo dito civilizado curva-se à barbárie. Impotente, a ONU choraminga, reclama timidamente, e sequer consegue emitir uma declaração em defesa dos civis massacrados. As grandes potências silenciam ou realizam jogadas de bastidores buscando vantagens próprias no tabuleiro do xadrez da guerra. De um lado, o governo israelense não se importa em se justificar através de uma impossibilidade óbvia: estariam atacando “apenas os grupos armados do Hamas”, dizem, como se bombas de uma tonelada pudessem ter seu efeito mortal controlado. Noutro lado, as vozes do Hamas bradam estupidezes, bazófias como a impossível hipótese de seus milicianos “estraçalharem” o exército israelense (o 4º mais poderoso do mundo). Dos dois lados beligerantes, a tônica é uma só: Barbárie, desprezo pela vida. Em decorrência de tanta insanidade, o número de mortos só faz crescer. E o mal maior é a inevitável deterioração da segurança mundial, em função desse incentivo pulsante, irrefreável, a um dos mais velhos pecados da humanidade, a guerra – a “guerra total”, como se jactam israelenses belicosos e palestinos fundamentalistas; ou como se jactava Hitler em sua “solução final”, praticando o extermínio das nacionalidades (como a judaica) vistas como inimigas do Reich; ou como justificavam os condutores dos gulags soviéticos, onde pretendiam eliminar definitivamente seus contestadores. Ou seja, hoje, segue em cartaz na Faixa de Gaza o mais antigo espetáculo de horror da humanidade: o holocausto em massa.

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