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Nº 5905
Opinião

Os apelos do turismo em Alagoas

Encontrava-me observando a paisagem magnífica oferecida de um terraço no sétimo andar de um prédio, na Ponta Verde. Lá no horizonte, o azul turquesa do mar unia-se ao azul iluminado do céu de verão despido de nuvens. Intrigou-me a presença de largas e ime

Por | Edição do dia 06/01/2009 - Matéria atualizada em 06/01/2009 às 00h00

Encontrava-me observando a paisagem magnífica oferecida de um terraço no sétimo andar de um prédio, na Ponta Verde. Lá no horizonte, o azul turquesa do mar unia-se ao azul iluminado do céu de verão despido de nuvens. Intrigou-me a presença de largas e imensas manchas amareladas que quebravam a harmonia do belo colorido das águas. A princípio imaginei que fosse a presença de algas marinhas, muito comuns em nossos mares. Voltando o meu olhar para a praia, abismei-me com a descoberta: era na realidade, uma enorme “boca de lobo” que desaguava sua sujeira, ocasionada pelo esgoto vindo das moradias próximas, bem à vontade, no mar. Havia uma outra, lá para as bandas de Cruz das Almas que causava o mesmo efeito. A praia da Avenida da Paz há muito é considerada, pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente, imprópria para banho. Pelos jornais soube da existência de outras “línguas negras” que poluem a Pajuçara e, também, a zona urbana de Maragogi e Japaratinga, lugares bastante freqüentados pelos turistas. Lá os dejetos descem das favelas e comunidades rurais que não possuem privadas. O povo usa mesmo os rios Salgado e o Persinunga, divisa de Alagoas com Pernambuco, para suas necessidades fisiológicas. Há pouco foi inaugurado, com festas, um saneamento, nessa área. Mas, parece que em nada resultou, pois as praias continuam atestando um grande número de coliformes fecais provenientes desses dois rios. O pior é que as pessoas se banham inconscientemente nessas águas. Não há, pelo menos, um aviso prevenindo do estado da praia. Como o governo quer atrair turistas se admite tal falta de higiene? O saneamento básico é uma necessidade imperiosa para a vivência saudável de uma urbe. A administração não pode, de forma alguma, ficar indiferente a esse detalhe que espantará, naturalmente, os turistas ao tomarem conhecimento do problema. A coisa mais preciosa que Alagoas tem para oferecer aos forasteiros são suas praias de águas tépidas, cujo colorido só existe igual no Caribe, em certas partes do mar Mediterrâneo e no Alaska. Mas nesses locais o mar é insuportavelmente gelado, embora límpido. Nosso litoral é tão bonito, cercado de tantos coqueiros cujas folhagens, ao balançar do vento, produzem uma música suave e dolente! Lá longe as ondas, ao se chocarem com os rochedos de coral, provocam brancas espumas as quais formam curiosos desenhos. E as piscinas naturais que são uma atração à parte! Fazer turismo com sucesso exige dos dirigentes uma série de cuidados, sobretudo com o que é a sua principal referência. O turismo é uma grande fonte de renda. Desde o transportador até a pessoa que aluga cadeiras na praia lucram com a atividade. (*) É escritora.

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