De vento em popa
Pelo fato de ser produzida a partir de uma fonte inesgotável, que não tem fronteiras e fora do controle de outros países, a energia eólica em 2007 teve investimentos de US$ 50 bilhões no mundo. Contrariando a tendência mundial, esse desenvolvimento no Bra
Por | Edição do dia 08/01/2009 - Matéria atualizada em 08/01/2009 às 00h00
Pelo fato de ser produzida a partir de uma fonte inesgotável, que não tem fronteiras e fora do controle de outros países, a energia eólica em 2007 teve investimentos de US$ 50 bilhões no mundo. Contrariando a tendência mundial, esse desenvolvimento no Brasil ainda se mostra tímido. Segundo o Atlas Eólico do País, elaborado em 2001 com medições a 50m de altura, a capacidade total a ser explorada é de 147 mil MW, sendo 75 mil MW no Nordeste, mas apenas 247 MW produzem energia. O Atlas Eólico de Alagoas, feito com medições da velocidade dos ventos a 100m de altura, está sendo apresentado pela Eletrobrás nessa semana. O fator econômico tem sido o alvo principal das críticas ao uso da energia eólica no Brasil. Custando R$ 200/MWh, fica difícil competir com as grandes hidrelétricas a R$ 73/MWh. Como a questão ambiental está inviabilizando a construção de grandes reservatórios, principalmente na Amazônia, as águas dos rios passaram a ter um regime sazonal para gerar eletricidade. E quando a vazão está baixa, a complementaridade está sendo feita com óleo combustível, a um custo de R$ 570/MWh, porque não temos gás natural para ser utilizado em termelétricas. Os períodos de chuva e de vento, ao longo do ano aqui no Nordeste, se completam. Além de não poluente, o complemento eólico depois de 12 dias passa a ser viável economicamente. O Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia), apesar dos seus pontos positivos, parece não ter mais espaço no modelo tarifário brasileiro. Teremos em maio de 2009 um leilão específico de energia eólica, mas é preciso que eles tenham continuidade, não sejam espasmódicos. Precisamos de um programa de incentivos para diminuir o custo, tarifas que viabilizem os empreendimentos, metas de inserção na matriz energética e uma política de longo prazo para as fontes renováveis. Sem estabilidade no processo é difícil obter credibilidade dos agentes do setor porque modicidade tarifária e exigência de elevado índice de nacionalização nos equipamentos são variáveis antagônicas. É preciso entender que os benefícios da complementaridade eólica vão além da questão energética. Num parque eólico, 75% do custo da instalação é despendido em equipamentos, uma cadeia de valor de cerca de 8 mil itens das mais diferentes tecnologias. Com um cluster de fornecedores de equipamentos eólicos aqui no Nordeste poderemos promover o desenvolvimento regional e exportar para mercados que buscam a segurança energética e a redução da emissão dos gases do aquecimento global. (*) É secretário de Estado Adjunto de Minas e Energia.