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Nº 5905
Opinião

Sexo depois dos 50 tamb�m precisa de camisinha

A Aids sempre foi vista como uma doença de adultos e jovens. O senso comum criou a falsa noção de que o segmento populacional acima dos 50 anos estaria distante de riscos e vulnerabilidades em relação à infecção pelo HIV. A evolução da epidemia, no entant

Por | Edição do dia 08/01/2009 - Matéria atualizada em 08/01/2009 às 00h00

A Aids sempre foi vista como uma doença de adultos e jovens. O senso comum criou a falsa noção de que o segmento populacional acima dos 50 anos estaria distante de riscos e vulnerabilidades em relação à infecção pelo HIV. A evolução da epidemia, no entanto, tem mostrado o aumento do número de casos novos em pessoas dessa faixa etária. Além disso, é importante lembrar que todos, com práticas de sexo desprotegido, encontram-se expostos à infecção por HIV e outras DSTs. Os tabus que cercaram a vivência da sexualidade das pessoas acima dos 50 anos limitam e dificultam a abordagem no campo da prevenção. O cenário atual da transmissão de DST e Aids entre os cinqüentões, e mais velhos, demanda atenção das categorias médicas. Até 2006, o diagnóstico de Aids no Brasil em pessoas nessa faixa etária foi de 9.918 casos, sendo 6.728 em homens e 3.190 em mulheres. Atualmente, existem 48.064 pessoas vivendo com Aids acima dos 50 anos. Em pesquisa recente (amostra de 510 participantes na faixa etária média de 69 anos), cerca de 22% apresentavam parceiro fixo e 55,3% não possuíam companheiro fixo; 105 (20,6%) dos participantes julgavam a Aids como castigo divino relacionado aos que cometeram pecados, 158 (31%) conheciam alguma pessoa vivendo com HIV; 440 (86,3%) do total referiram não ter por hábito o uso de preservativo, sendo que 56 (11%) já tinham realizado testagem anti-HIV em algum momento de suas vidas. É importante considerar a vulnerabilidade feminina, nessa faixa etária, que tem dificuldade de negociar o uso do preservativo durante as relações sexuais com parceiros fixos ou não. Muitas vezes, a exposição à infecção pelo HIV parte de relacionamentos com duração de décadas, mantidos sem diálogo entre o casal. Estima-se que, nos próximos 20 anos, a população de idosos, no Brasil, ultrapasse os 30 milhões, alcançando 13% da população geral. Portanto, é necessário promover conscientização, com mudança de comportamento. Essa geração precisa se prevenir da infecção por HIV e outras DSTs e aprender que Aids é uma doença que tem tratamento, mas ainda sem cura. A área de saúde pode e deve abranger o tema em uma abordagem multidisciplinar, voltada para o exercício da sexualidade saudável e em ambiente de confiança. O público acima dos 50 precisa se reconhecer como parte do processo, como iguais nas perspectivas apresentadas pela Aids nesse segmento. (*) É diretora do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde.

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