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Nº 5902
Opinião

Banhos de sangue

Sintomática, a dupla recusa (por dirigentes de Israel e do Hamas) da proposta de trégua apresentada pelo Conselho de Segurança da ONU, confirma como a desumanidade e o espírito belicoso assenhorearam-se dos espíritos dos líderes dos dois lados envolvidos

Por | Edição do dia 11/01/2009 - Matéria atualizada em 11/01/2009 às 00h00

Sintomática, a dupla recusa (por dirigentes de Israel e do Hamas) da proposta de trégua apresentada pelo Conselho de Segurança da ONU, confirma como a desumanidade e o espírito belicoso assenhorearam-se dos espíritos dos líderes dos dois lados envolvidos no conflito mais cruento do Oriente Médio. Por incrível que possa parecer, autoridades israelenses e dirigentes do Hamas, pensam semelhante: a matança do próximo lhes salvará as almas. Cada lado contendor entende que a vontade de Deus lhes põe a espada na mão, como se fosse dele a ordem para executar o infiel. Jactam-se, ambos os lados, do sangue alheio derramado, ao mesmo tempo exibindo seus próprios cadáveres como certidão do nascimento de mártires de suas respectivas causas. E o sangue dos inocentes segue sendo derramado. Como em todas as guerras, os civis são as primeiras e principais vítimas. E, enquanto segue adiante a escalada de morte na Terra Santa, fica evidente a falência e impotência dos órgãos internacionais. Ninguém respeita a ONU e a própria instituição parece não se dar ao respeito, procrastinando decisões, emitindo documentos e apelos estéreis e inúteis, choramingando aos poderosos. Como reflexo negativo da inação dos fóruns de líderes mundiais, mais um massacre produz indignação insuficiente no mundo, como se o mundo tivesse desistido de lutar pela paz. Aí está o germe de maiores desgraças, pois a incapacidade global de se ter respostas humanitárias dignas de serem ouvidas, e respeitadas, pelos fratricidas produz a evidente sensação de impunidade. Pratica-se genocídios sem medo de quaisquer conseqüências no futuro. O que fazer? No mínimo, indignar-se verdadeiramente e refutar toda e qualquer “justificativa” de ambos os lados para as carnificinas praticadas (em quaisquer regiões do mundo e não apenas na Terra Santa).

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