Opinião
Macei� agradece

DOM JOSÉ CARLOS MELO, CM * Ao encerrar suas atividades pastorais como arcebispo de Maceió, em sua Carta de despedida, publicada em O SEMEADOR, de 6 de julho de 2002, dom Edvaldo Gonçalves Amaral assim se exprime: Lutei, trabalhei e sofri por dezesseis anos e meio. Na verdade, a missão do bispo como toda a Evangelização implica no sofrimento, na cruz, na fadiga e até mesmo na contradição, a exemplo do próprio Cristo do qual afirmava o velho Simeão: Este menino está destinado à queda e ao reerguimento de muitos em Israel (Lc. 2,34). Ele deve ser alvo de contradição. Mas o apóstolo Paulo nos afirma também: Não será co-roado senão aquele que tiver combatido segundo as regras (2 Tm 2,5). Em outras palavras, não há vitória sem luta. E o salmista assegura ao semeador a recompensa e a alegria do seu trabalho: Os que semeiam com lágrima, ceifarão em meio a canções. Vão andando e chorando ao levar a semente; ao voltar, voltam cantando, trazendo seus feixes (Sl 126, 5 e 6). Entretanto, Jesus coloca nos lábios e no coração do evangelizador que tem consciência da missão cumprida esta afirmação de humildade: Somos servos inúteis, fizemos apenas o que devíamos fazer (Lc 17,10). Por trás das palavras de Jesus somos convidados a descobrir não a manifestação de um pessimismo que anula, mas a afirmação da disponibilidade total do servo para a missão que lhe foi confiada e da gratuidade que supera e dispensa todo retorno humano. Pois bem, após dezesseis anos e meio de lutas, trabalhos e sofrimentos no pastoreio desta arquidiocese, dom Edvaldo encerra suas atividades em Maceió, carregando no braços os feixes da colheita abundante em meio a cantos de alegria. E nós nos associamos a estas justas alegrias. Como novo arcebispo e seu sucessor, quero ser o porta-voz do reconhecimento e da gratidão de toda a arquidiocese. Maceió agradece! Nascido no Recife, fez seus estudos filosóficos em Natal, RN, e Lorena, SP, na Congregação Salesiana (1944-1949). Cursou teologia no Instituto Pio XI, em São Paulo, SP (1951-1954). Especializou-se em Pedagogia na Universidade Federal de Pernambuco e participou de vários cursos. Ordenado sacerdote em 1954, exerceu cargos de relevada importância na Congregação Sale-siana e foi sucessivamente bispo auxiliar de Aracaju, SE, 1975-1980, e bispo de Parnaíba, PI, 1980-1986. Finalmente, em 30 de outubro de 1985, foi nomeado arcebispo de Maceió, assumindo o governo pastoral desta arquidiocese em 12 de janeiro de 1986. Para inspiração e motivação do seu ministério episcopal, adotou o lema: In fide et veritate (na fé e na verdade). É praticamente impossível resumir suas atividades pastorais nas Alagoas e mais precisamente na Arquidiocese de Maceió, no reduzido espaço destas colunas. Destaco aqui alguns fatos e eventos mais expressivos. Em primeiro lugar, a visita do Santo Padre, o papa João Paulo II, a Maceió, em 19 de outubro de 1991. Em segundo lugar, a realização do Sínodo Arquidiocesano de profunda renovação pastoral. A celebração dos 400 anos de evangelização de Alagoas e o projeto pastoral Rumo ao Novo Milênio. A celebração do Jubileu do ano 2000, precedido de uma Carta Pastoral, dos 100 anos da criação da diocese de Alagoas. Acrescente-se o estímulo à Pastoral Vocacional e às Visitas Pastorais a menina de olhos do seu episcopado. E muito mais, tanto que esse espaço não cabe. Dom Edvaldo, Maceió agradece! (*) É ARCEBISPO METROPOLITANO DE MACEIÓ