A nova flor do L�cio
Olavo Bilac, em seu poema, usa a expressão flor do Lácio para rebuscar as raízes do português, aludindo a uma ancestral região do antigo Império Romano, às margens do Rio Tibre, habitada por humildes comunidades. Ali, nas barbas do poder de Roma, surgia
Por | Edição do dia 18/01/2009 - Matéria atualizada em 18/01/2009 às 00h00
Olavo Bilac, em seu poema, usa a expressão flor do Lácio para rebuscar as raízes do português, aludindo a uma ancestral região do antigo Império Romano, às margens do Rio Tibre, habitada por humildes comunidades. Ali, nas barbas do poder de Roma, surgiam as bases da língua portuguesa. Dizia mais Bilac: Última flor do Lácio, inculta e bela,/ És, a um tempo, esplendor e sepultura:/ Ouro nativo, que na ganga impura/ A bruta mina entre os cascavalhos vela.../ Amo-te, assim, desconhecida e obscura, (...). Típico discurso trágico dos românticos. Porém, por meio dele, Bilac expõe diversas feridas, algumas das quais ainda hoje abertas, como um certo desprezo intelectual para com a língua originada no populacho do Lácio. Bela, mas inculta? Desconhecida e obscura? Sem dúvida, são questionamentos contemporâneos. Falada na América, Ásia, África e Europa, o português pronuncia-se de maneiras distintas, o que é considerado normal pelos gramáticos. Mas o danado é a existência de várias gramáticas distintas nos países falantes da língua portuguesa. As tentativas de dar uma maior uniformidade (já que a unicidade sempre pareceu inalcançável) expõem uma longa história. A reforma que entrou em vigor no primeiro dia deste ano de 2009 não se arvora de perfeita (muitos estudiosos lusitanos acham nessa mais recente floração do Lácio uma grafia predominantemente brasileira, e desgostam disso). Mas esta reforma é um passo importante e indispensável para o desenvolvimento da língua e para um intercâmbio mais profundo e consequente entre os povos usuários do velho, belo e culto idioma dos portugueses. A imprensa, como sempre, terá um papel fundamental na difusão das novas regras. E a Gazeta de Alagoas, ao pautar-se, a partir de hoje, pelo novo Acordo Ortográfico, busca cumprir esse seu papel cidadão.