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Nº 5901
Opinião

Uma insanidade chamada guerra

Escrevi o meu último artigo de 2008, enfatizando minha angústia pelo horror que temos vivenciado com a falta de tolerância, radicalismo impiedoso, violência e agressão entre os seres humanos e, ao mesmo tempo, manifestando meus sinceros anseios por dias m

Por | Edição do dia 21/01/2009 - Matéria atualizada em 21/01/2009 às 00h00

Escrevi o meu último artigo de 2008, enfatizando minha angústia pelo horror que temos vivenciado com a falta de tolerância, radicalismo impiedoso, violência e agressão entre os seres humanos e, ao mesmo tempo, manifestando meus sinceros anseios por dias melhores. Ironicamente, quase que paralelamente, o conflito na Faixa de Gaza se intensificava com o ataque de Israel diante da ofensiva do grupo terrorista Hamas. Quem tem razão: israelenses ou palestinos? Os analistas políticos, nações ou mesmo fundamentalistas de plantão encontrarão motivações legítimas para um e para outro lado, história que começa desde a diáspora dos anos 70 antes de Cristo, onde se buscava a Terra Prometida, passando pelo reconhecimento do território de Israel – que desabrigou habitantes palestinos e árabes – ou ainda a guerra de 1967, quando Israel se apossou, numa guerra de conquista, da Faixa de Gaza. Seja lá qual a for explicação tida para a insanidade que é uma guerra como essa, o conflito entre Israel e palestinos, rotulado por especialistas como um fenômeno crônico, não pode significar impossibilidade de solução ou que é árdua demais para ser viabilizada. Países que se julgam “árbitros do mundo” permanecem indiferentes ao conflito, ou, o que é pior, são vendedores de armas e artefatos de guerra aos agressores. Crianças são vítimas de uma guerra sangrenta; é sangue derramado nas areias escaldantes do deserto, imagens cruéis de pais e mães jogados ao desespero. Nessa mesma região, em passado remoto, desenrolavam-se histórias fantásticas das “Mil e uma noites”, de califas, sultões e odaliscas, fantasias de um mundo árabe lendário e mitológico. A realidade brutal de hoje faz esquecer as crenças infantis do passado. Os números de mortos não são apenas alarmantes, mas revoltantes. Depoimento de um colega médico que mora na Faixa de Gaza: “O telefonema surgiu ao anoitecer, uma bomba havia destruído a pequena casa de nossa fazenda; meu pai estava caminhando para o portão quando foi atingido mortalmente. Minha dor não envolve desejo de vingança. Mas, como um filho em luto, vejo dificuldade para distinguir entre aqueles que os israelenses chamam de terroristas e os israelenses que invadiram Gaza”. Cessar-fogo, tréguas, retiradas de tropas são paliativos. As armas continuam apontadas esperando apenas um pretexto. Paz significa desarmamento de armas e de espíritos belicosos, compromisso de encontrar soluções duradouras através do diálogo e do entendimento. Um cenário de paz sobre as cinzas da destruição. (*) É médico.

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