app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5905
Opinião

Apenas um pobre filho de Ad�o

Não há como deixar passar certas coisas, certos cacoetes de nosso mundo atual. Assistimos à posse do presidente Barack Obama. Gosto dele, agrada-me o modo como levou adiante a transição: com modéstia, sem demagogia, sem estrelismo, sem declarações contun

Por | Edição do dia 23/01/2009 - Matéria atualizada em 23/01/2009 às 00h00

Não há como deixar passar certas coisas, certos cacoetes de nosso mundo atual. Assistimos à posse do presidente Barack Obama. Gosto dele, agrada-me o modo como levou adiante a transição: com modéstia, sem demagogia, sem estrelismo, sem declarações contundentes e respeitando o presidente Bush, que estava ainda no comando do país. Coisa de uma nação que tem sólidas instituições democráticas, mais importantes que as pessoas do momento. O que não me agrada nada é a atitude dos meios de comunicação, especialistas em criar realidades fictícias, factoides virtuais, que criem expectativas e joguem as pessoas em ilusões. Primeiro, demonizaram o presidente Bush, que certamente cometeu erros grosseiros, mas tem lá seus méritos e não é o estulto que a mídia fez o mundo crer que ele seja. Depois, o modo como se endeusa Obama. Fazem dele o salvador, o marco de uma nova era, o justiceiro dos pobres, a luz que tira o mundo das trevas, o portador messiânico da mudança, o artífice glorioso do tempo novo. (Já vimos isto no Brasil recente e, ao menos os mais lúcidos, já viram no que deu...) Tudo bobagem! Obama não é nem pode ser nada disso! Observe-se o quanto nossa sociedade é tão superficial, tão sedenta de absolutos e salvadores. Louva-se e hosana-se a Obama pelo que Obama não fez e não mostrou! Personificaram em Obama os desejos e esperanças de cada país e de cada povo, como se Obama fosse o imperador do mundo. Logo virão as desilusões. Meu caro e paciente leitor, o novo é Cristo, o salvador é Cristo, a novidade que não caduca é Cristo, o único que satisfaz nossas aspirações mais profundas é Cristo, o que não decepciona é Cristo, quando de verdade compreendemos o seu significado! Obama é só um homem, pó que o vento leva, degredado filho de Eva. Obama é somente Obama, por mais que a mídia queira fazer dele um semideus, receptáculo de toda a força e virtude da raça humana. Quem dera que a humanidade tivesse diante dos olhos o verdadeiro fundamento, o único absoluto, Cristo-Deus, para aprender a avaliar os acontecimentos deste mundo na sua justa medida, sem divinizar o que é somente humano nem absolutizar aquilo que passa... Quem dera que Cristo fosse o critério das humanas escolhas e o motivo radical da esperança do mundo. Viveríamos na verdade, e não embriagados pelos factoides que nos são criados a cada momento por uma mídia disposta a iludir um mundo sedento de esperanças! (*) É sacerdote e professor de Teologia.

Mais matérias
desta edição