Come�ar de novo e do novo
Ninguém espera, quando, de repente, parece a vida fazer uma curva, chegar a uma encruzilhada e, repentinamente, para, olha ao redor e, de logo, toma um rumo inesperado, surpreendente, em direção do bem ou do mal. Acontecimentos imprevistos, coisas que ja
Por | Edição do dia 27/01/2009 - Matéria atualizada em 27/01/2009 às 00h00
Ninguém espera, quando, de repente, parece a vida fazer uma curva, chegar a uma encruzilhada e, repentinamente, para, olha ao redor e, de logo, toma um rumo inesperado, surpreendente, em direção do bem ou do mal. Acontecimentos imprevistos, coisas que jamais planejamos, situações que escapam do nosso controle, sustos e surpresas vão surgindo. E assim, muito mais que de repente, vamos tendo que começar de novo. É o ritmo vital que abre e fecha portas, como se fácil fora abrir e fechar portas. E foi assim: mal a porta do tempo de 2008 se fechou, já a de 2009 está aí, escancarada. De certa maneira o ano velho se foi e o novo já nos convida a passarelar com ele, sentindo como próprio o caminho a percorrer. O tempo, de novo, vai se tornando nossa casa à procura para além do tempo em que seremos sempre, não havendo mais portas a serem abertas ou fechadas. Há no tempo aquela magia a ser explorada e saboreada. Mario Quintana escreveu: Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da 2ª feira, do dia 1º do mês e de cada ano-novo, é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas, apenas, recomeça. Aí está o desafio permanente da vida e do tempo, pois que 2009 já arranca de quinta. Na verdade, 1º de janeiro foi uma quinta-feira, ou seja, a vida em 2009 já teve início para lá do meio da semana. O ano-ovo já começou com a vida andando. É lógico e comentamos: Nossa, o ano passou tão rápido que nem se viu dezembro chegar e janeiro lá se vai andando. É assim mesmo: janeiro de novo. Janeiro do novo. Se nós permanecemos vendo o tempo passar é que em nós existe uma semente de eternidade. Ela traz a novidade possível que devemos sempre buscar. Pensando em tudo isso: no ano que findou, no que chegou, no que construímos, no que desejamos construir, nos avanços e retrocessos, no que ficou para depois, na vontade, na saudade, talvez seja o tempo de parar, antes de entrar no ritmo agônico das horas que vão tornar-se dias, da loucura dos dias que se vão tornar semanas, do frenesi das semanas que se vão tornar meses, da sofreguidão dos meses que se tornarão mais um ano. O importante é parar e olhar de frente 2009 e imaginar o que posso fazer neste ano que me é dado para realizar os meus sonhos, no seu acontecer de nascer e renascer, de construir um futuro que está sendo feito, nos dígitos de tempo. (*) É bispo emérito de Palmeira dos Índios e presidente da Academia Alagoana de Letras.