O que estar� a salvo?
Não poderia ser cena mais emblemática da fragilidade do sistema de defesa pública em Alagoas: depois de incontáveis assaltos a ônibus, os bandidos, como se enfastiados de tanta moleza, resolveram inovar, e além de depenar motorista, cobrador e passageiros
Por | Edição do dia 28/01/2009 - Matéria atualizada em 28/01/2009 às 00h00
Não poderia ser cena mais emblemática da fragilidade do sistema de defesa pública em Alagoas: depois de incontáveis assaltos a ônibus, os bandidos, como se enfastiados de tanta moleza, resolveram inovar, e além de depenar motorista, cobrador e passageiros, raptaram o próprio ônibus. E o mais surpreendente é que a polícia (até o fechamento deste comentário) não conseguiu localizar o veículo, depois de praticamente todo um dia dedicado às buscas. Pelo que pode supor nossa vã filosofia, não deveria ser simples esconder um ônibus, cujo volume de grandes proporções e carroceria indivisível exige abrigo de grandes dimensões para acolher tal veículo. Como os meliantes conseguiram realizar a façanha de fazer desaparecer o buzão nas barbas das polícias? Não sendo mágicos esses bandidos, as hipóteses possíveis de serem traçadas sobre esse episódio são, todas elas, pouco animadoras. Vejamos: É possível supor que estejamos diante de uma quadrilha especializada em rapto de ônibus, equipada com abrigos capazes de esconder um grande veículo e, além disso, com articulações competentes para sequenciar etapas indispensáveis para o uso ilegal do roubado (desmanche ou clonagem). Alternativa péssima, pois, se assim for, o que estará a salvo? Outra hipótese pode indicar que a polícia alagoana não tem condições de descobrir um veículo das dimensões de um ônibus numa cidade não tão grande assim como Maceió, nem teriam as forças policiais condições de monitorar as rotas de fuga de um veículo de passageiros (enorme e com pintura de fácil identificação); o que podem monitorar então nossas forças policiais? Vamos ficar apenas nessas hipóteses, embora outras tão ruins quanto possam ser pensadas. E vamos torcer para que, quando este texto for lido, pelo menos esse ônibus tenha sido resgatado...