Turismo interativo com a nobreza
Éramos turistas em Maceió no Dia de Natal, e resolvemos visitar alguns lugares pitorescos da cidade. E conhecemos a grandeza de personagens típicos da região, passando umas horas com genuína interação humana. Eram pessoas humildes, e que quase nunca sabem
Por | Edição do dia 01/02/2009 - Matéria atualizada em 01/02/2009 às 00h00
Éramos turistas em Maceió no Dia de Natal, e resolvemos visitar alguns lugares pitorescos da cidade. E conhecemos a grandeza de personagens típicos da região, passando umas horas com genuína interação humana. Eram pessoas humildes, e que quase nunca sabem o que é feriado, e aquele Natal era um dia quase normal de trabalho. Começamos bem cedo na Praia de Pajuçara, negociando um passeio de jangada para ver as piscinas naturais que ficam próximas da orla. O jangadeiro nos ensinou as operações da vela e o uso do remo, e nem vimos o tempo passar até chegar às piscinas. Remamos um pouco mais para próximo dos arrecifes de corais com águas transparentes, que o pessoal chamava de aquário, devido a grande presença de cardumes de peixes coloridos. E o jangadeiro ia relatando a sua luta com alegria e dignidade, além das pescarias para garantir o sustento quando os turistas não apareciam. Notamos que havíamos perdido os óculos de sol antes de embarcarmos na jangada, e lembramos que havíamos passado na véspera pela Vila das Rendeiras, que se situa no bairro de Maceió denominado Pontal da Barra. Encontram-se ali lindos trabalhos artesanais do bordado filé, aplicados em vestuário e outros artigos que se apresentam como obras de arte de tecelagem colorida. Havíamos esquecido os óculos durante a prova de roupas. Regressamos ao bairro, porém agora a loja estava fechada, e um artesão vizinho se prontificou a nos levar na casa da lojista. Andamos por vielas e becos até chegarmos em uma moradia muito simples, mas não encontramos a pessoa que poderia nos ajudar. Mas nessa mesma tarde recebemos uma ligação da lojista, dizendo que o nosso pertence havia sido encontrado e que estava à nossa disposição. Voltamos à vila e fomos recebidos com uma celebração por aquela situação resolvida. Estes episódios resultaram em um aprendizado sobre a honestidade e a solidariedade humana. E acabou nos contagiando, que de fregueses e turistas, passamos a ser companheiros de jornadas, apenas localizados no lado diferente do balcão. Além das belezas estéticas das paisagens que encontramos nas Alagoas, descobrimos também a geografia da grandeza humana. E passamos a recomendar a qualquer pessoa que for a Maceió, que interaja com as pessoas, e assim terá um encontro marcado com a nobreza. (*) É engenheiro metalúrgico.