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Nº 5905
Opinião

Alguns boicotes da hist�ria

O boicote se resume numa maneira de não colaborar. Muito usado até na Segunda Guerra mundial contra alguns produtos da Alemanha nazista, consistindo em não comprar produtos causadores de exploração e morte. Originou-se o verbete “boicote”, do nome de Cha

Por | Edição do dia 03/02/2009 - Matéria atualizada em 03/02/2009 às 00h00

O boicote se resume numa maneira de não colaborar. Muito usado até na Segunda Guerra mundial contra alguns produtos da Alemanha nazista, consistindo em não comprar produtos causadores de exploração e morte. Originou-se o verbete “boicote”, do nome de Charles Cunningham Boycott, proprietário inglês de grandes extensões de terra na Irlanda, contra quem o reverendo O’Malley exortou a população, em 1880, no povoado de Deeran: “Se um explorador de terras chegar à sua cidade e quiser vender alguma coisa para vocês, não lhe façam mal, nem o ameacem, digam, simplesmente, que sob a lei inglesa, ele tem o direito de vender sua mercadoria, entretanto, acrescentem que a lei britânica não obriga a comprar nada dele; e ajam assim, enquanto viverem”. Vários boicotes tiveram notável peso político, tanto no plano nacional quanto no internacional. O de Martin Luther King (1956-1957) contra o serviço de ônibus em Montgomery e as leis segregacionistas foi um dos grandes boicotes históricos da segunda metade do século 20. Nos Estado Unidos, seguiu-se o boicote (1960) contra Dow Chemical pela poluição provocada com a produção de napalm, usada na guerra do Vietnã. No plano internacional reportamo-nos, aos boicotes contra o regime de Apartheid, na África do Sul, ainda contra a Polaroid, feito pelos próprios operários em protestos contra produtos para identificação de negros. Contra a Coca-Cola houve boicote pelo Sindicato Internacional de Trabalhadores das Indústrias de Alimentos em protesto contra maus-tratos sofridos pelos operários na Guatemala. Um boicote de longa duração feito contra certa empresa responsável pela venda de leite em pó que, diluído em água local não-potável, vinha causando a morte de milhares de crianças (3 por minuto), por infecção intestinal. Outros tantos boicotes se sucederam: contra o peixe irlandês, dentro do programa de caça às baleias; contra a exportação de medicamentos perigosos para os países; boicotes contra o uso de hormônios na criação de gado de corte bovino... Não deixam de ser importantes os boicotes em defesa do ser humano, não usados com meios violentos. Não deixa de ser o boicote, em certos casos, um tipo de balança de justiça. (*) É bispo emérito de Palmeira dos Índios e presidente da Academia Alagoana de Letras.

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