Mais uma armadilha contra o Papa
Talvez você, caro leitor, tome conhecimento de uma polêmica que nestes dias está acontecendo em torno de uma decisão do Papa Bento XVI. Eis os fatos: ele suspendeu a excomunhão dos quatro bispos tradicionalistas, que desde 1988 estavam afastados da Igreja
Por | Edição do dia 06/02/2009 - Matéria atualizada em 06/02/2009 às 00h00
Talvez você, caro leitor, tome conhecimento de uma polêmica que nestes dias está acontecendo em torno de uma decisão do Papa Bento XVI. Eis os fatos: ele suspendeu a excomunhão dos quatro bispos tradicionalistas, que desde 1988 estavam afastados da Igreja porque tinham sido sagrados ilegalmente, contra a vontade do Papa João Paulo II. Esta suspensão das excomunhões é um ato corretíssimo de bondade e misericórdia do Papa, visando iniciar um diálogo que ponha fim ao cisma dos tradicionalistas afastados do sentir da Igreja. Quando não se dialoga, a divisão aumenta e torna-se definitiva. Sabemos disso pelas lições da história. Ora, um desses quatro bispos havia dado uma entrevista à TV sueca, cometendo o absurdo de negar o Holocausto o extermínio de seis milhões de judeus pelo nazismo. O Vaticano não sabia disso, pois a entrevista, à época, não teve repercussão. Mas, foi só o Papa suspender a excomunhão que o mundo caiu: tirou-se da gaveta a fala do bispo sem juízo e veio logo o protesto dos judeus (que não compreendem nada da vida da Igreja e agora estão com a mania de se meterem nas decisões do Vaticano) e da imprensa européia, sempre hostil ao Papa e à Igreja. É preciso compreender o seguinte: (1) a suspensão da excomunhão não tem nada a ver com a declaração desse bispo: eles não foram excomungados pelas idéias, mas porque foram ordenados ilegalmente; (2) esses quatro bispos continuam suspensos de suas atividades: não têm nenhuma função legal dentro da Igreja, pois continuam bispos irregulares; (3) o gesto do Papa não significa em nada aprovação às idéias dos bispos; (4) a posição da Igreja sobre o Holocausto e o antissemitismo é claríssima e é de condenação total; (5) toda essa polêmica é falsa e montada, com o objetivo duplo de detonar os tradicionalistas odiados pela imprensa, pelo mundo do politicamente correto e por certos setores dentro da própria Igreja e, por outro lado, difamar o Papa. O Papa Bento XVI é um homem de diálogo e tem estima sincera pelos judeus; na visita à Polônia, fez questão de visitar o campo de concentração de Auschwitz, um dos símbolos do Holocausto. Com toda certeza, não voltará atrás na sua decisão, pois não age sob pressão, mas em busca do bem da Igreja e da humanidade: mentira, chantagem e campanhas difamatórias não intimidam um verdadeiro homem de Deus! Que os católicos e as pessoas sinceras compreendam bem o que está acontecendo para não caírem na porca armadilha que certa mídia armou contra o Papa... e não darem crédito às asneiras que o Arnaldo Jabor vomitou na TV. Mas enfim, o que entende o Arnaldo Jabor de religião, não é mesmo? (*) É sacerdote e professor de Teologia.