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Nº 5905
Opinião

A perda por falta de doa��o de �rg�os

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Por | Edição do dia 06/02/2009 - Matéria atualizada em 06/02/2009 às 00h00

Lamento estar fazendo parte da estatística dos que perderam entes queridos por não terem conseguido a doação. Vivenciamos perdas pelo processo natural do envelhecimento e como toda perda, nos causa tristeza. Agora, a perda de um ente querido pela falta de doação é terrível, é cruel. Esta morte acontece não pela falta de medicamentos precisos, incompetência profissional e descuido da família, infelizmente é pela falta de doação de órgãos. Quantas pessoas morrem diariamente? Quantos órgãos se perdem? Quantos se perdem pela espera de um milagre? Um milagre que não acontece e durante a espera deste, deixamos de realizar um outro milagre. Só conhece a importância da doação de órgão a família que vivencia esta realidade. É inexplicável a sensação provocada pela espera de um telefonema da Central de Transplante. Cada dia nasce uma esperança e ao termino deste, a frustração e a conscientização de nossa impotência. Nada se pode fazer, apenas esperar uma doação que possa mudar o rumo da história. E a doação não chega. O que falar para aquela pessoa que amava a vida, que viveu intensamente e irradiava a beleza de viver, o marido companheiro, cúmplice, o pai e avô presente, o amigo que era amigo dos seus amigos e cidadão consciente. Doloroso foi a transferência para UTI, conversamos pelos olhares transmitindo amor, fé e coragem. Se o órgão não chegar? Ali, seria realizada a sentença de morte por falta de órgãos. Doar órgãos é ato de humanidade, caridade, amor e coragem. O corajoso enfrenta o desconhecido, apesar de todos os seus medos. Em uma passagem do Evangelho, Cristo comenta o valor da multiplicação dos talentos e de enterrar os mesmos. Multiplicar vidas, saúde e devolver a alegria de viver dignamente. Segundo a filosofia espírita, fora da caridade não há salvação, dai de graça aquilo que recebestes de graça. Nos questionamos: o ciclo da vida não fechou totalmente, em virtude do “se”. Se o órgão tivesse chegado há tempo? Se houvesse uma maior conscientização, políticas públicas mais efetivas e eficazes. Se as pessoas percebessem que o problema do outro poderia ser seu. Ele estaria conosco? O “se” é um fato inacabado. A falta da doação de órgão é consequência da falta de uma consciência crítica. (*) É defensora da prática de doação de órgãos.

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