Simplesmente amaro

A notícia da morte de Amaro Monteiro de Carvalho me causou grande abalo. Era difícil acreditar que aquele homem tão cheio de vida, dedicado à docência e ao saber, tivesse partido assim, em silêncio.

Seguiu antes do tempo, para mim mais que grande amigo, não apenas professor, mas verdadeiro conciliador, desses raros seres que compreendem o valor do diálogo, da escuta e da palavra ponderada, criatura plural, capaz de enxergar o mundo por vários ângulos sem perder a inteireza que sempre o definiu.

Como docente do curso de Engenharia Civil da Ufal, Amaro ensinou não somente “obras de terra” ou “mecânica dos solos”, ele formou não apenas engenheiros, mas também cidadãos conscientes, pois em cada gesto revelava a serenidade de quem ensinava mais pela conduta do que pelos discursos, era firme sem ser duro, sábio sem ser arrogante, e humano em todas as dimensões, pois parecia feito de ética, conhecimento e generosidade.

Por instantes, meu coração se perdeu em tristeza, mas logo compreendi que a morte não lhe chegou como inimiga, mas como amiga, oferecendo-lhe descanso, sem sofrimento, livrando-o do peso da dor, e conduzindo-o ao repouso merecido de quem viveu como um justo. Ele partiu sereno, como quem encerra um ciclo com a consciência tranquila e o olhar voltado à eternidade.

Hoje, resta-me a falta das conversas, conselhos, seu sorriso equilibrado e a presença que sabia harmonizar diferenças. Portanto minha saudade trata-se de sentimento revestido de gratidão por tê-lo conhecido e partilhado com ele momentos de verdade e amizade.

Amaro segue vivo, não mais ao lado de quem o admira, mas no lugar onde a lembrança se transforma em luz e a ausência em presença permanente.

A Universidade Federal de Alagoas, especialmente o Curso de Engenharia Civil, certamente guardará com respeito e emoção a memória do professor que, com sabedoria e humildade, marcou gerações de alunos e colegas. Seu legado permanecerá erguido, como as obras que ajudou a inspirar, firmes, belas e duradouras, como foi a sua vida.