Editorial
Retrocesso inaceitável

O Dia Nacional da Vacinação, celebrado neste fim de semana, ocorre em meio a um alerta preocupante: o Brasil é o país da América Latina onde mais circulam conteúdos falsos sobre vacinas. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, o País concentra 40% de toda a desinformação antivacina publicada em comunidades conspiratórias nas redes sociais, com mais de 580 mil mensagens falsas identificadas entre 2016 e 2025.
O dado ajuda a explicar a queda persistente nos índices de imunização registrada nos últimos anos, agravada também pelo pandemia de Covid, quando houve uma concentração de esforços no atendimento aos pacientes acometidos pela doença causada pelo coronavírus.
O avanço da desinformação, porém, tem minado a confiança da população nos imunizantes, um patrimônio histórico da saúde pública brasileira. Desde 1973, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) é referência mundial. Foi graças a ele que o País erradicou doenças como a poliomielite e o sarampo. No entanto, o negacionismo e as teorias conspiratórias vêm corroendo parte dessa credibilidade, com consequências diretas: doenças que já haviam sido controladas voltam a ameaçar comunidades vulneráveis.
A defesa da vacinação é, portanto, uma tarefa coletiva e urgente. O Brasil construiu uma das maiores redes de imunização do mundo. Permitir que o medo e a mentira desfaçam esse legado seria um retrocesso inaceitável.