Editorial
Firmeza com responsabilidade

A operação policial realizada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes, segundo o governo carioca, expôs mais uma vez a grave crise da segurança pública no estado e os dilemas do enfrentamento ao crime organizado.
Enquanto o governador Cláudio Castro classificou a ação como um sucesso e prestou homenagem a quatro policiais mortos, entidades como a Anistia Internacional consideraram a operação um “fracasso retumbante”, denunciando abusos, mortes em excesso e violações de direitos humanos.
O episódio gerou o anúncio da criação do Escritório de Combate ao Crime Organizado, iniciativa conjunta do governo do Rio e do Ministério da Justiça para integrar esforços estaduais e federais contra as facções. O novo órgão pretende agilizar decisões, intensificar o uso de inteligência policial e sufocar o braço financeiro das quadrilhas, eliminando barreiras burocráticas.
A iniciativa é necessária. O crime organizado desafia o Estado, controla territórios e impõe medo à população. No entanto, o combate a essa ameaça não pode se transformar em uma guerra sem lei.
A eficácia das forças de segurança deve caminhar lado a lado com o respeito aos direitos humanos e à vida. O País precisa provar que é possível combater o crime com firmeza, inteligência e responsabilidade.
