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sábado, 01/11/2025 | Ano | Nº 6089
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Somar forças

Rio de Janeiro e a união das instituições

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Antes de eles irem à Disney, fiz questão de levar os meus três filhos, um de cada vez, para conhecerem o Rio de Janeiro ao completarem respectivamente os seus 10 anos de idade. Fazíamos aquele belíssimo circuito tradicional: Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Lagoa Rodrigo de Freitas, Copacabana, Ipanema, Leblon, Barra da Tijuca, Aterro do Flamengo, Teatro Municipal, se possível com uma atração cênica. Com tantos monumentos naturais, difícil, se não impossível existir outra cidade no mundo com tanta beleza natural.

Além do que, enquanto durou o Canecão - tradicional casa de espetáculos situada em Botafogo -, saía de Maceió com minha esposa para apreciar shows de artistas destacados, como Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mílton Nascimento e Rita Lee, entre outros. O ambiente do Canecão era muito gostoso.

Nem o Rio de Janeiro nem nenhuma outra cidade mereceriam viver as cenas de guerra da terça-feira (28), que mostraram o poderio aterrador do crime organizado no Rio durante a megaoperação contra a facção Comando Vermelho (CV). O resultado polêmico do combate ao narcotráfico foram 121 mortes, sendo 4 de policiais, na ação mais letal do gênero na história da cidade, superando Carandiru nessa tétrica contagem. Pouquíssimos foram os dias nos quais a guerra da Ucrânia com a Rússia teve tantas mores, mesmo levando-se em conta as baixas dos dois lados.

O governador Cláudio Castro (PL) queixou-se do Supremo Tribunal Federal, que fixou regras para ações policiais no estado, e do governo Lula (PT), que teria negado três pedidos para a ajuda com as Forças Armadas em outras operações - não nesta.

Em resposta, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que o governador deve “assumir as suas responsabilidades”, ou caso julgue que não tem recursos suficientes para enfrentar o crime organizado, pedir intervenção federal, estado de sítio ou atuação das Forças Armadas na segurança.

Já o Ministério da Defesa afirmou ter colocado blindados à disposição de Castro em janeiro, mas que uma colaboração mais ampla dependeria da decretação de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) - o que já ocorreu no Rio em anos recentes.

Trata-se de um debate já contaminado por animosidades eleitorais, a um ano dos pleitos presidencial e estaduais. É obvio, a esta altura, que a onipresença de facções do narcotráfico (como o CV) se tornou uma tragédia que exige com urgência ação integrada entre o governo fluminense e a União.

Pelo que veio a público de imediato do ministro da Justiça, parece que não existiria meio termo entre a ação solitária da polícia do Rio, em um extremo, e uma intervenção federal no outro. A opressiva realidade exige cooperação entre os dois governos para livrar a população do julgo desses grupos bárbaros.

Está em gestão agora um projeto de lei específico para o combate às facções, e, ao que parece, houve algum avanço em sua tramitação no Senado. De todo modo, a soma de esforços de governos e instituições, que já rendeu bons exemplos recentes, não precisa esperar a votação de leis.

Um dia após o evento trágico, o ministro da Justiça e o governador do Rio, vieram a público e informaram sobre a deliberação conjunta no sentido de efetivar um gabinete somando as forças do estado e da União para um combate ao crime organizado mais consistente em inteligência e organização institucional do que o baseado só em eliminar meliantes, até porque esse método vem se mostrando ineficiente em obter resultados razoáveis no controle do tráfico de entorpecentes e outros métodos de ação do CV, como a territorialidade. Somar forças é o imperativo maior.

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