Editorial
Excesso de prudência

Excesso de prudência
A divulgação do IPCA de novembro marca uma mudança relevante na condução da política econômica. Pela primeira vez desde setembro de 2024, a inflação acumulada em 12 meses retornou ao intervalo da meta, alcançando 4,46%, praticamente colada ao limite superior de 4,5%.
Chama a atenção a trajetória consistente de desaceleração de componentes essenciais, como alimentos no domicílio, em deflação pelo sexto mês consecutivo e acumulando apenas 2,46% em 12 meses, abaixo da inflação geral. Para as famílias de menor renda, trata-se de um alívio concreto no orçamento. Enquanto isso, a inflação de serviços segue controlada.
Esse contexto favorável, porém, recoloca no centro do debate a postura do Banco Central. Diante de um IPCA convergindo para a meta, a manutenção da taxa básica de juros em níveis elevados passa a exigir justificativa cada vez mais sólida. A política monetária restritiva cumpriu seu papel, mas prolongá-la indefinidamente pode impor custos desnecessários à atividade econômica e ao emprego.
O BC se vê diante de uma decisão crucial: calibrar a taxa de juros de forma compatível com a nova realidade inflacionária. O desafio é evitar que o excesso de prudência se transforme em obstáculo à recuperação sustentável do crescimento..
