Opinião
O d�lar e o p�o

Pode-se estender por longo período, na busca dos porquês, a discussão acerca da alta constante do dólar em relação ao real. No cenário da macroeconomia ou na política financeira global, essa grave crise tem muitas análises ainda por serem feitas. E o assunto não poderá ser relegado em função de uma ou outra retração da escalada da alta do dólar. Afinal, estamos falando de um movimento descendente na economia do País. Esse debate, o do 3 a 1, ou mais ou menos reais por dólares, deve também ser localizado no patamar do dia-à-dia da população brasileira. Afinal, esse não é um problema restrito a quem trabalha diretamente com a moeda americana. Qualquer variação no dólar tem conseqüências no cotidiano de todos os brasileiros. As repercussões do dólar a mais de três reais ainda não foram devidamente estudadas, ou pelo menos não foram expostas para o público. Será que os índices do governo continuarão a ser tão condescendentes com o aumento da inflação e do custo de vida? Quais as perspectivas para os próximos meses? Alguns temores começam a ser levados à imprensa. O preço do pão é uma dessas preocupações, pois boa parte do trigo é importada (85% da farinha de trigo consumida pela indústria alimentícia brasileira vem da Argentina). Naturalmente tem de ser paga em dólar e esse insumo tem seu custo repassado ao consumidor. É apenas um exemplo, mas que está presente na casa de todos os brasileiros e brasileiras. Outro preço que se deve prestar muita atenção é o do barril de petróleo, donde virão as rebordosas para os preços da gasolina, do óleo diesel e de todos os derivados da nafta (indústria petroquímica). As responsabilidades do governo brasileiro sobre essa questão são bem maiores do que se pode supor. FHC amarrou suas políticas na estabilidade do real e vinculou o País ainda mais aos grandes especuladores internacionais. O desenvolvimento, durante oito anos, foi o secundário. O principal era a maquiagem da moeda. Hoje, a máscara caiu. E FHC tentará passar a conta desse seu erro para todos os brasileiros.