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Nº 5899
Opinião

A igreja de Jesus Cristo nasce da cruz

A primeira palavra da cruz para nós, é sempre a palavra do amor, amor que se doa até o limite da doação, tornando-a uma oblação: a própria vida! Morte e vida se entrelaçam em conflito no calvário, a vida venceu porque o amor foi mais forte. Assim rezamos

Por | Edição do dia 16/08/2009 - Matéria atualizada em 16/08/2009 às 00h00

A primeira palavra da cruz para nós, é sempre a palavra do amor, amor que se doa até o limite da doação, tornando-a uma oblação: a própria vida! Morte e vida se entrelaçam em conflito no calvário, a vida venceu porque o amor foi mais forte. Assim rezamos com toda a Igreja nas Vésperas do Domingo de Ramos: “Salve, Ó Cruz, doce esperança, concede aos réus remissão; dá-nos o fruto da graça, que floresceu na Paixão”. Esta mesma lógica faz parte de nossa vida e é central para nossa fé cristã. Que caminho estamos assumindo em nossa busca de resposta e em nosso empenho de dar vida a estas palavras que professamos nos sacramentos da igreja? É claro que nunca iremos chegar à plena compreensão deste mistério, sobretudo quando ele nos afeta diretamente. Experimentamos a indiferença quanto ao lugar que ocupamos na sociedade; muitos consideram nosso trabalho de cristãos como algo supérfluo; a própria presença da Igreja de Cristo nascida do Mistério da Cruz, é pouco levada a sério, de modo especial nos dias de hoje; às vezes sentimos nossa voz perdida e sem eco concreto na realidade; em nossas comunidades experimentamos a divisão dos vários grupos que lutam entre si, isto para não falar no seio das confissões de fé cristã, enfrentamos o conflito de ideologias no interior da própria Igreja; há dúvidas e suspeitas com relação à lisura e idoneidade de nossos comportamentos e em casos lamentáveis de líderes de nossas comunidades. Há o peso da solidão e da perda de significado de nossa presença na Igreja e no mundo. É o peso da cruz! São estas e outras realidades da cruz que emergem no centro de nossa própria fé e de nossa missão e proclama para nós que ela, é o único caminho para a plena realização de nossa vocação ao amor sem limites. Santa Teresinha, na poesia “viver de amor” nos exorta a não querer fixar nossa tenda no cimo do Tabor, mas descermos e abraçarmos a cruz como nosso maior tesouro. Estamos dispostos a esta opção radical? Por outro lado, vivemos na cultura do prazer e do “pare de sofrer”, justificada por uma teologia da prosperidade e do bem-estar, cultura esta que tem seus representantes inclusive entre nossas fileiras. Qual tem sido nossa postura diante desta realidade? Hoje, está se vendo com muita frequência nas “religiões e igrejas midiáticas o falso e famigerado ‘pare de sofrer’”! E estamos em um estado lamentável quando vemos a compra e a venda dos milagres e curas e mesmo da felicidade; passe por debaixo do fogo santo, pague uma boa quantia e seja feliz e vitorioso. É este o triste quadro que estamos sendo obrigados a ver entrar em nossos lares todos os dias. (*) É arcebispo metropolitano de Maceió.

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