loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
domingo, 16/03/2025 | Ano | Nº 5924
Maceió, AL
30° Tempo
Home > Opinião

Opinião

Decad�ncia e f�ria

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp

SÉRGIO BARROSO * Afinal, por que os EUA emergiram, no começo dos anos 90, como única superpotência, assemelhando-se, na expressão do jornalista português Miguel Urbano Rodrigues, aos “bárbaros modernos”? O declínio de Roma (celebrizara-se a definição de E. Gibbon) foi a natural e inevitável conseqüência de sua grandeza imoderada, que fez amadurecer “o princípio da decadência”, multiplicando-se causas da destruição com a extensão das conquistas. Dois anos atrás, não se sabe motivado porque cargas d’água, Rubens Barbosa, embaixador do Brasil em Washington, identificava, sem subterfúgio, os EUA com “uma nova Roma”; mas haverá, disse, “e isso é inevitável, um grande choque com essa invasão da cultura americana”. Sabe-se, entretanto que, P. Kennedy (1988), L. Thurow (1994) e H. Kissinger (1994), cada qual a seu modo, coincidiam na análise do declínio econômico relativo dos EUA. Thurow (“O futuro do capitalismo”), por exemplo, escrevia estarem os EUA representando pouco menos de 25% (1994) do Produto Nacional Bruto (PNB) mundial, enquanto nos fins dos anos 60 eles detinham mais de 50%. Findo o século, o economista argentino J. Beinstein destacava a queda da indústria dos EUA, como percentagem do PIB, de 33% (1975) para cerca de 25% (1995); a produtividade da mão-de-obra desacelerara, caindo também o investimento bruto fixo em relação ao PIB. Entre 1968-98, houve queda de longo prazo no salário/hora real na indústria e nos serviços, tendo se ampliado as desigualdades sociais: o Índice de Gini (concentração de renda), atingiu o nível mais alto, desde 1947 - em 1998, os 20% mais pobres não haviam recuperado os níveis de renda de 1989, crescendo 22% para os 5% mais ricos (2000). L. Belluzzo notara que a omissão em considerar homens em idade de trabalhar, mas presos ou em liberdade vigiada (9,5 milhões do sexo masculino, a maioria jovens negros e latinos), contabilizaria o desemprego em mais de 12% da força de trabalho dos EUA (Carta Capital, 25/10/2000). Famoso por seu livro “Hábitos do coração”, Robert Bellah (Harvard), perguntado se junto à “nova economia” há uma nova sociedade nos EUA, fulminou: “A sociedade que temos está caindo aos pedaços”, é “uma sociedade em colapso” (Carta Capital, 25/10/2000). Com um PIB de US$ 10 trilhões, escrevinharam no Wall Street Journal (7/2000), o endividamento das empresas e famílias somava US$ 6,5 trilhões. Do outro lado do mundo, mesmo politicamente de cócoras, a União Européia (15 países) planeja incorporar mais 10 novos Estados até 2004. E, na Ásia, o poderoso dragão se insurge: a China cresceu 9% ao ano na década de 90 e manobra pela multipolaridade mundial. Condoleezza Rice, chefe da segurança nacional da Casa Branca, não blefava quando vociferou: “A política externa dos EUA deve partir de sólido fundamento do interesse nacional, não do interesse de uma ilusória comunidade internacional”. Nem delirava. (*) É MÉDICO

Relacionadas