Opinião
Que Natal celebraremos?

O Natal está chegando. Para muitos, de cristianismo meramente cultural ou, pior ainda, nominal, ele dura apenas uma noite, um dia, um consumo, uma troca de presentes ou uma rodada de champagne! É triste, a história do Natal, sua trajetória até este nosso hoje. Desde o dia 25 de dezembro de 274, quando o imperador da Roma pagã, Aureliano, dedicou um templo ao Sol Invictus, os romanos celebravam todos os anos, nesta data, o Natal do Sol Invencível. Os cristãos, querendo cristianizar os costumes pagãos, começaram, no século 4, a celebrar, neste mesmo dia, a festa do Natal do Cristo, verdadeiro Sol Invencível, aquele que ilumina todo homem que vem a este mundo! Assim nasceu o Natal dos cristãos: era o triunfo da consciência cristã, era um sinal potente de que o Cristianismo estava penetrando no tecido dos costumes e dos corações. Durante a Antiguidade cristã, a Idade Média e até a primeira metade deste século, o Natal do Senhor marcou profundamente os cristãos e sua cultura, dando origem a belíssimas obras de arte na pintura, na literatura e no canto; costumes belíssimos, de profundo significado humano e cristão surgiram para exprimir a alegria e a doçura pela visita do Emanuel. Mas na segunda metade deste século voltou o paganismo, disfarçado, cínico, sorrateiro e com uma força inaudita! E o pobre Natal, pagão cristianizado, foi, novamente ? como Juliano, o Imperador Apóstata ?, paganizado! E é este o Natal que temos, que vivemos no mundo atual: pagão (pois já não celebra nada, a não ser um tal de Papai Noel, produto das alucinações e quimeras humanas e símbolo maior do consumismo desta época), blasfemo (pois troca o Menino Deus de Belém por uma ilusão), esbanjador (pois renega a pobreza do presépio em favor do esbanjamento dos presentes caros) e vazio (pois apregoa um sentimento meloso e melado de paz e fraternidade flor de laranja, sem uma real conversão ao Deus vivo e verdadeiro). Pobre Natal, antes pagão, batizado, cristianizado e, agora, repaganizado! Quem dera que os cristãos percebessem isso, que acordassem, que tirassem de suas casas e dos corações de suas crianças esse natalzinho de Papai Noel e de consumismo... Quem dera que nossa ceia de Natal fosse preparação ou continuação da Ceia do Sacrifício eucarístico e nossos presentes fossem recordação do Deus que se fez presente! Quem dera que, para nós, cristãos, o dono da festa fosse Jesus, pobrezinho nascido em Belém! Quem dera que nosso Natal voltasse a ser cristão! (*) É bispo auxiliar de Aracaju-SE.